Por Luciano Lima
Por muitos anos, pratiquei o Mountain Bike e Trekking dentro da Floresta Nacional (Flona) e do Parque Nacional de Brasília e a proposta do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) de conceder a gestão dos dois parques à iniciativa privada é muito preocupante. A proposta precisa ser esclarecida para toda a sociedade civil do Distrito Federal.
As duas áreas têm uma extrema importância ambiental e também para o abastecimento de água para a população do DF. Com a possibilidade de privatização, como ficará a proteção dos lagos de Santa Maria e do Descoberto? Será que pensaram nos impactos na biodiversidade e na qualidade da água?
Como vai ficar a gratuidade do espaço, que é frequentado por milhares de pessoas, inclusive de baixa renda e que encontraram no trekking e no mountain bike uma alternativa saudável para a prática de esporte? Sem falar que aprenderam a cuidar dos parques e tudo que eles representam.
Sinceramente, vejo essa proposta com imensa tristeza por também ameaçar as trilhas que foram criadas e são mantidas com o trabalho voluntário da comunidade. Se há concessão, há lucro! Quanto será investido na conservação das reservas e na educação ambiental?
Não podemos esquecer que tanto a Floresta Nacional quanto o Parque Nacional já sofrem uma forte pressão da grilagem de terras e da especulação imobiliária. Será que este projeto de privatização não será o início silencioso para desafetar mais áreas das duas reservas?
*Luciano Lima é historiador, jornalista , radialista e integrante do grupo “Caminhantes Livres”
