Goleada por 6 a 0 mostrou diferentes faces de um Flamengo organizado, intenso nos 90 minutos e que soube usar a posse de bola para agredir
Por Emanuelle Ribeiro — Rio de Janeiro

"Uma grande roda de bobinho no Maracanã".
A frase do narrador Gustavo Villani durante a transmissão de Flamengo x Juventude, na quarta-feira, serviu bem para definir o jogo da quarta rodada do Brasileirão. O Rubro-Negro colocou o adversário na roda, e o time gaúcho saiu atordoado do Maracanã. A goleada por 6 a 0 mostrou diferentes faces de um Flamengo organizado e que soube usar a posse de bola para agredir.
Impressiona a intensidade do time de Filipe Luís durante os 90 minutos. Esta é uma característica conhecida do treinador, mas, mesmo em ritmo de treino, com o Juventude totalmente sob controle e 3 a 0 no placar antes da metade do primeiro tempo, o Flamengo não diminuiu o ritmo.
— Uma das coisas que bato muito na tecla e luto é que o time não baixe o ritmo. Que continue com o ritmo e intensidade altos, pressionando o tempo todo — resumiu o técnico após a goleada.
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Flamengo colocou Juventude na roda — Foto: Gilvan de Souza/CRF
E foi mesmo pressão do Flamengo nos 90 minutos. Com Bruno Henrique, Juninho e Pedro no banco, Filipe Luís escalou o time com Plata na função de centroavante. E Gerson em noite inquieta: o capitão circulou por todos os lados e acelerou o jogo rubro-negro desde o primeiro minuto.
A movimentação do Flamengo é algo a se destacar. O time, como de costume, atraiu o Juventude e começou a construção desde trás, com a bola passando por todo mundo em busca dos espaços. Do lado direito para o lado esquerdo e vice-versa, balançando o adversário. Um perde e pressiona intenso, com rápida recuperação, sem dar chances para os gaúchos reterem a bola. Foram 14 desarmes.
A bola aérea ofensiva foi usada com êxito em mais uma noite inspirada de Arrascaeta. O camisa 10 cobrou duas faltas com perfeição pelo lado direito, e o Flamengo soube aproveitar a altura dos seus defensores.
Aos 12 minutos, Erick Pulgar subiu no meio da área e cabeceou para abrir o placar, em lance em que a bola fez curva e entrou no ângulo direito de Gustavo:

O gol do zagueiro foi o terceiro. Entre os dois lances aéreos, o Flamengo já tinha marcado outro gol. Por baixo, numa construção por dentro. A bola saiu de Léo Pereira para Michael, que encontrou Gerson. Em uma rápida troca de passes, o camisa 8 viu Plata infiltrar e tocou no meio dos defensores. O equatoriano, de cavadinha, marcou um belo gol, aos 17:

Aos 17 min do 1º tempo - gol de dentro da área de Plata do Flamengo contra o Juventude
O Flamengo golpeou de todos os lados, sinal de evolução em relação ao último domingo, em que já tinha controlado o Grêmio, mas finalizado pouco. Em 21 minutos, foram quatro chutes e três gols no Maracanã. A coincidência das duas partidas em que o Fla dominou sem dificuldades foi o gol cedo, o que deu tranquilidade para o time encaixar seu jogo.
Antes dos 30 minutos, o Juventude já tinha mandado três jogadores de defesa para o aquecimento, e o técnico Fábio Matias esbravejava da área técnica. O efeito Flamengo deixou o adversário zonzo. O Rubro-Negro só não marcou o quarto no primeiro tempo, porque Michael perdeu chance inacreditável aos 29, após cruzamento rasteiro de Alex Sandro:

Aos 29 min do 1º tempo - chute dentro da área para fora de Michael do Flamengo contra o Juventude
Chamou atenção a liberdade dos zagueiros para fazer a saída de bola, com Danilo em muito boa noite, e a mobilidade do ataque do Flamengo. Organizado e compacto, o time mostrou repertório variado e atropelou o Juventude. Tudo isso só no primeiro tempo.
A pressão aumentou no segundo tempo, com a entrada de Luiz Araújo no lugar de Pulgar. Com 3 a 0 e o Juventude sem reação, Filipe Luís tirou um jogador de marcação para colocar um atacante. O Flamengo foi para a frente com cinco homens: Gerson, Arrascaeta, Luiz Araújo, Michael e Plata.
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Aos 10, Michael fez a fila, deixou três marcadores na saudade e tocou para Arrascaeta na entrada da área. O que veio a seguir foi uma finalização que poucos conseguiriam executar. Com pouco espaço, o uruguaio recebeu o passe já sabendo o que fazer. Dominou com a perna esquerda, girou e chutou com a perna direita. Lance para coroar a atuação do melhor em campo:

Aos 10 min do 2º tempo - gol de dentro da área de Arrascaeta do Flamengo contra o Juventude
A facilidade em golear deu tranquilidade para Filipe Luís testar outras variações. Pedro entrou, e o time passou a ter um centroavante mais fixo. Cebolinha também foi para o jogo, e as trocas mantiveram a intensidade da equipe no alto. O Juventude não achou o Flamengo, que trocou duas vezes mais passes do que o adversário nos 90 minutos.
Cenário ideal para Pedro desencantar, o que aconteceu duas vezes. Aos 25, ele aproveitou cruzamento certeiro de Wesley para cabecear no canto esquerdo e Gustavo. Os jogadores do Juventude só olharam. Aos 34, o camisa 9 converteu pênalti que ele mesmo sofreu - o goleiro pegou, mas o atacante se recuperou no rebote e fez o sexto gol do Flamengo.
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Pedro marcou duas vezes em Flamengo x Juventude — Foto: André Durão
O Flamengo treinou na presença das mais de 31 mil pessoas que foram ao Maracanã na quarta-feira. Vitória importante para a confiança do time e para o técnico Filipe Luís, que testou variações e rodou o elenco, mantendo os atletas motivados. Apesar das dificuldades nos jogos recentes, o trabalho do técnico é visível. O Flamengo tem padrão de jogo e não abdica do seu DNA ofensivo. Foram 18 finalizações contra quatro do Juventude. Valeu a pena chutar mais a gol.
No próximo sábado, o Fla volta ao Maracanã para enfrentar o Vasco. Filipe Luís tem praticamente todo o elenco à disposição, com exceção de Viña - lesionado desde agosto do ano passado. Alex Sandro também é dúvida: o lateral-esquerdo pediu para sair no primeiro tempo por causa de um incômodo na coxa esquerda e será avaliado. O Flamengo tratou o episódio como precaução.