É a primeira vez que o senador Hamilton Mourão, vice de Bolsonaro entre 2019 e 2022, se pronuncia sobre o suposto plano de golpe de Estado
Gustavo Moreno/Metrópoles
O vice de Jair Bolsonaro (PL), o atual senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS), chamou de “fanfarronada” o suposto plano para assassinar o presidente Lula (PT), o vice Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, após as eleições de 2022.
Investigação da Polícia Federal (PF) trouxe detalhes do esquema e de um plano para viabilizar um golpe de Estado no Brasil, que teria início com a prisão do então presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes. A ideia do grupo criminoso seria impedir o retorno de Lula à Presidência, considerada um golpe, e manter Bolsonaro no poder.
A PF apresentou o resultado da investigação na última quinta-feira (21/11), indiciando Bolsonaro e outros 36 nomes pelos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa.
“Temos um grupo de militares, pequeno, a maioria militares da reserva que, em tese, montou um plano sem pé nem cabeça, que eu não consigo nem imaginar como uma tentativa de golpe”, disse o senador em seu podcast “Bom dia com Mourão”, três dias após a Polícia Federal deflagrar a Operação Contragolpe.
“Vejo uma fanfarronada. E a partir daí, dentro da busca incessante de envolver o presidente Bolsonaro, de envolver o general Braga Netto, o general Heleno (…). Arma-se esse cenário todo, joga-se quase que um pó de pirlimpimpim e aí, shazam: saem 37 pessoas nesse pacote indiciadas”, continuou ele.
O senador ainda disse que tentativa de golpe “tem que ter apoio de parcela expressiva das Forças Armadas” e o que houve foi “um plano sem pé nem cabeça”. “Ninguém dá golpe no país sem ter a Força Armada, nem que seja para proteger uma mudança constitucional”, afirmou.
Além dos generais, Mourão defendeu o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, também indiciado. “Valdemar Costa Neto metido em tentativa de golpe eu acho que é algo, assim, difícil de você conseguir digerir”, disse.
Próximos passos
Sobre os próximos passos da investigação, Mourão disse esperar “que a verdade efetivamente venha à tona”. “Se meia dúzia de três ou quatro (sic) resolveu escrever bobagem, tudo bem. É crime escrever bobagem? Aí vou deixar para os juristas, vamos discutir isso. Eu vejo crime quando você parte para a ação”, considerou.
Segundo ele, não aconteceu uma emboscada para o ministro Alexandre de Moraes ou para o presidente da República. “Ficou tudo no terreno da imaginação. E imaginação bem fértil, pelo que a gente consegue depreender das pérolas que vêm sendo lançadas por meio da nossa imprensa”.
O ministro Moraes deverá remeter à Procuradoria-Geral da República (PGR), na segunda-feira (25/11), o relatório final do inquérito que apura a tentativa de golpe de Estado nas eleições de 2022.
O indiciamento dos investigados representa a primeira ação decorrente da conclusão do inquérito. Após essa etapa, o próximo passo é o envio dos autos à PGR.
O órgão chefiado por Paulo Gonet vai emitir um parecer sobre a consistência das provas para a denúncia, ou não, dos investigados. A PGR também pode pedir novas diligências sobre o caso. O parecer será direcionado ao ministro Moraes na sequência.
“Eu espero que a Procuradoria-Geral da República reflita bem, pese o que há efetivamente de provas, ações concretas e não ‘ouvi dizer’, e não fantasias, para efetivamente apresentar denúncia contra quem realmente conspirou ou tomou alguma atitude que levasse a uma derrubada do Estado de Direito aqui no Brasil ou do sistema democrático”, concluiu Mourão.