Bolsonaro em suas “lives” ultrajantes, pela linguagem e pelo conteúdo, e no seu “cercadinho” desacredita os Poderes do Estado - Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
Ao criticar a equipe de Moraes, relator do processo, o ex-presidente afirmou não esperar nada de quem ‘usa a criatividade’ para denunciá-lo
O ex-presidente Jair Bolsonaro se manifestou, nesta quinta-feira, 21, depois de ser indiciado pela Polícia Federal (PF) por suposto envolvimento no que seria uma tentativa de golpe de Estado. De acordo com a denúncia, isso teria ocorrido depois da vitória do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2022.
Em entrevista ao site Metrópoles, Bolsonaro citou Oeste ao criticar o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). “Não posso esperar nada de uma equipe que ‘usa a criatividade’ para me denunciar”, disse o ex-chefe do Executivo.
A frase de Bolsonaro sobre “usar a criatividade” é alusão a uma mensagem de Airton Vieira, juiz instrutor do gabinete de Moraes no STF, a Eduardo Tagliaferro, então chefe da Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Isso ocorreu em dezembro de 2022. Na ocasião, Vieira disse aquela frase porque Tagliaferro estava com dificuldades para encontrar elementos que pudessem incriminar o trabalho jornalístico de Oeste.
Bolsonaro diz que Moraes “faz tudo o que não diz a lei”
Além disso, o ex-presidente criticou o fato de o ministro conduzir todo o inquérito. “Ele ajusta depoimentos, prende sem denúncia, faz pesca probatória e tem uma assessoria bastante criativa”, afirmou Bolsonaro. “Faz tudo o que não diz a lei”.
Ele ainda afirmou não ter conhecimento do conteúdo da denúncia. Além disso, disse que vai esperar o posicionamento de seu advogado. “Isso, obviamente, vai para a Procuradoria-Geral da República (PGR)”, disse. “É na PGR que começa a luta.”
De acordo com o relatório, que tem mais de 800 páginas, Bolsonaro, Braga Netto e demais aliados cometeram também abolição violenta do Estado Democrático de Direito. A denúncia também ainda que eles montaram uma “organização criminosa”. A PF encaminhou o processo para o STF, que pedirá manifestação da PGR. Se a PGR entender que há indícios de crime e apresentar uma denúncia, caberá ao STF determinar se os investigados vão virar réus.