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Moradora de rua assassinada por golpe de seguro milionário foi encontrada com a identidade presa à roupa

No nome de Luciene da Silva Gomes estavam dois seguros de vida que, juntos, somavam R$ 4 milhões

Por Roberta de Souza — Rio de Janeiro

Luciene da Silva Gomes foi assassinada; criminosos fizeram dois seguros no nome dela —
 Foto: Reprodução

Antes mesmo de a polícia suspeitar de que a morte de Luciene da Silva Gomes, de 32 anos, tinha relação com um golpe de seguro de vida, as circunstâncias em que ela foi encontrada chamaram a atenção dos investigadores. O corpo dela estava em uma região de mata, sem câmeras ou comércio próximos, e com a identificação presa à gola da roupa. A ideia da quadrilha era que não corresse o risco de ela ser enterrada como indigente, o que prejudicaria a retirada do dinheiro do seguro.

Segundo a delegada responsável pela investigação, Luciana Fonseca, Hitler da Silva Ângelo fez o contrato do seguro apenas 16 dias antes do crime. Luciene foi encontrada morta em fevereiro deste ano em Santa Cruz, na Zona Oeste do Rio. Depois do assassinato, a polícia descobriu dois seguros de vida em nome dela que, juntos, somam R$ 4 milhões.

— Foi rápido. Eles pagaram a primeira parcela de cada um dos seguros e, logo depois, ela morreu. Ainda tentaram abrir um terceiro seguro, mas não conseguiram — afirmou a delegada.

Hitler foi preso nesta quarta-feira por agentes da Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) em Pilares, na Zona Norte do Rio. A polícia ainda não sabe como a quadrilha escolheu Luciene para ser vítima do golpe, mas segundo as investigações, ela passava seus dias em ruas da Zona Norte, mesma região que Hitler morava.

— Ela foi morta em um local completamente diferente do habitual. E em um local desguarnecido de câmeras e de uma série de outras coisas que são favoráveis à investigação. Independente dele [Hitler] ser o executor do homicídio, ele entra como um autor intelectual. A vítima só morreu por conta desse seguro de vida contratado — diz Luciana.

Entenda o caso

Luciene foi encontrada morta em 21 de fevereiro de 2024, com sinais de violência no pescoço e tórax provocados por um objeto perfurocortante, na Rua Caminho da Liberdade, em Santa Cruz. Ela vivia em situação de rua.

Durante as investigações, a existência de dois seguros de vida em nome de Luciene causou estranheza aos agentes. O valor expressivo, destinado a beneficiários que também viviam nas ruas e não tinham laços familiares com a vítima, levantou suspeitas de fraude. As contas que receberiam o dinheiro também teriam sido criadas por Hitler.

Além disso, movimentações financeiras foram registradas na conta bancária de Luciene após sua morte, levando a polícia a buscar imagens de segurança da instituição bancária. Foi então identificado Hitler da Silva Ângelo como o responsável pelas movimentações.

— Ele se utilizava dos dados que ele já tinha, de uma série de vítimas de outros golpes, para criar contas falsas e, assim, receber o dinheiro — explica a delegada Luciana.

Hitler já tinha passagem pela polícia: ele foi preso em julho de 2023, suspeito de chefiar uma organização criminosa envolvida em estelionato e falsificação de empréstimos. A quadrilha, que operava a partir de uma base num shopping na Zona Norte do Rio.

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