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O.J. Simpson morre aos 76 anos, vítima de câncer

Americano foi um dos atletas mais famosos da liga da NFL e ficou marcado por julgamento da morte da ex-mulher

Por O Globo com AFP — Las Vegas

Morre, aos 76 anos, OJ Simpson — Foto: AFP

O.J. Simpson morreu, aos 76 anos, em Las Vegas, nesta quarta-feira, após uma batalha contra o câncer. O falecimento foi confirmado pela família do ex-atleta, nas redes sociais.

Uma das principais estrelas da NFL, O.J. Simpson foi julgado e absolvido pelo duplo assassinato de sua ex-mulher, Nicole Brown Simpson, e do amigo dela, Ron Goldman, nos anos 1990. O astro era suspeito de matar os dois, a facadas. O crime gerou grande debate no país não apenas pela violência e pela celebridade do acusado, mas pelo fato de ele ser negro e rico; e as vítimas, brancas. O.J. acabou absolvido, num dos julgamentos que mais repercutiram nos Estados Unidos e no mundo.

"No dia 10 de abril, o nosso pai, Orenthal James Simpson, sucumbiu à sua batalha contra o câncer. Ele estava cercado por seus filhos e netos. Durante este período de transição, sua família pede respeito a seus desejos de privacidade", diz a nota publicada nas redes do ex-atleta.

O júri o considerou inocente, embora mais tarde ele tenha sido considerado culpado em um tribunal civil e condenado a pagar US$ 33,5 milhões (R$ 170 milhões na cotação atual) em indenizações, uma conta que ele nunca pagou.

Simpson não conseguiu evitar a prisão quando foi detido em Las Vegas em 2007 por sequestro e assalto à mão armada a dois colecionadores de objetos esportivos.

Em 2008, O.J. Simpson foi condenado. Ele permaneceu preso durante nove anos até a Justiça americana lhe conceder a liberdade condicional. O ex-atleta deixou a penitenciária de Lovelock, em Nevada, nos EUA, em outubro de 2017.

Histórico turbulento

Divorciado da primeira mulher, negra, com a qual tivera dois filhos, Simpson se casara, em 1985, com a modelo branca Nicole Brown, com quem teve outros dois filhos. Ele foi apontado como principal suspeito de matar a segunda ex-mulher, Nicole Brown, e o amigo dela Ronald Goldman, e acabou se entregando à polícia após negociações.

Os antecedentes do ex-jogador não ajudavam sua defesa: ciumento e agressivo, ele havia sido preso cinco anos antes do crime por repetidas brutalidades contra Nicole. O casal estava separado desde 1992.

No inquérito foram reunidos diversos indícios de culpa de O.J. Simpson, mas advogados hábeis e um juiz da Califórnia conseguiram que o corpo de jurados de maioria negra, exposto a argumentos de teor racista, declarasse o réu inocente, em 3 de outubro de 1995. Nenhum outro julgamento por crime de morte nos EUA teve tanto público: brancos o consideravam culpado e negros, inocente.

O.J. Simpson foi preso em 2008 por um assalto à mão armada em um hotel-cassino de Las Vegas, nos EUA. O ex-jogador de futebol americano alegou que tentava impedir a venda de artigos esportivos que pertenciam a ele, além de itens de seu acervo pessoal. Simpson foi condenado a 33 anos de prisão, mas se credenciou para pedir liberdade condicional por bom comportamento, após ter cumprido nove anos na cadeia.

Antes de ser condenado pelo assalto, Simpson já havia ganhado notoriedade por outros problemas com a Justiça. Ele foi acusado, em 1994, pelo assassinato de Nicole Brown, sua ex-mulher, e Ronald Goldman, que estava em sua companhia. Simpson acabou absolvido. O julgamento, transmitido pelas principais redes de TV dos EUA em 1995, tornou-se um marco midiático e motivou diversas produções audiovisuais — uma delas, “OJ: Made in America”, recebeu o Oscar de melhor documentário neste ano.

O passado turbulento de O.J. Simpson e a notoriedade do julgamento nos anos 90 eram vistos como fatores que poderiam pesar contra a tentativa de obter liberdade condicional. Antes do início da audiência, em que obteve o benefício, os membros da comissão exibiram uma pilha na qual disseram haver “milhares” de cartas enviadas por pessoas favoráveis e contrárias à libertação de Simpson.

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