Greenwald se tornou conhecido após a publicação dos documentos vazados pelo ex-agente Edward Snowden sobre programas de espionagem da NSA
Redação Jornal de Brasília
Foto: Evaristo Sá/ AFP
O jornalista americano Glenn Greenwald concordou com o empresário Elon Musk ao acusar na quarta-feira o juiz do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes de recorrer a métodos “antidemocráticos” ao bloquear perfis na internet para combater a desinformação.
Greenwald se tornou conhecido em 2013 após a publicação dos documentos vazados pelo ex-agente Edward Snowden sobre programas amplos de vigilância da Agência de Segurança Nacional (NSA) dos Estados Unidos.
“Todos nós queremos defender a democracia. As pessoas que vivem no mundo democrático não querem regimes autoritários, repressivos ou fascistas. Acho que o problema é que não se pode salvar a democracia com meios antidemocráticos”, afirmou Greenwald durante a conferência Web Summit Rio, ao criticar Moraes por emitir ordens “sob sigilo” e “sem o devido processo” para bloquear contas de usuários em plataformas de internet
Moraes lidera uma campanha contra a desinformação online no Brasil, que foi particularmente intensa contra as tentativas de apoiadores do ex-presidente de extrema-direita Jair Bolsonaro (2019-2022) de desacreditar o sistema eleitoral antes do pleito de 2022.
Musk criticou em sua rede social X o juiz do STF, que chamou de “ditador” que “deveria renunciar ou ser destituído”.
O bilionário também ameaçou não obedecer ordens judiciais de Moraes para bloquear contas de usuários no X.
Em resposta, o juiz ordenou uma investigação sobre Musk, acusado de “instrumentalização criminosa” da plataforma.
Greenwald, que se define como um defensor ferrenho da liberdade de expressão, participou na conferência de tecnologia no Rio de Janeiro depois de comparecer na terça-feira a uma comissão da Câmara dos Deputados do Brasil ao lado de outros colegas para denunciar a “censura” de Moraes.
O jornalista afirmou que os países que defendem controles mais rigorosos da Internet, como o Canadá ou a Grã-Bretanha, implementaram leis para estabelecer os mecanismos de aplicação das restrições, mas que também contemplam o direito à defesa dos afetados.
Mas, segundo Greenwald, como o Congresso no Brasil ainda não tem um marco jurídico, Moraes assume este poder alegando a defesa da democracia. “Esta mentalidade é muito perigosa”, disse o americano.