Patrick Parker Walsh apresentou mais de 30 pedidos fraudulentos e recebeu US$ 7,8 milhões; ele foi condenado a cinco anos de prisão
Por O Globo — Rio de Janeiro
Sweetheart Island é uma ilha privada localizada em Yankeetown, na Florida —
Foto: Divulgação/Private Islands Inc.
O mar, o sol e o calor que imperam na Ilha Sweetheart encantaram o empresário da Flórida Patrick Parker Walsh. O paraíso desabitado de dois acres fica em Yankeetown, na Flórida, e poderia ser o local perfeito para um refúgio. Ao invés de descansar sob as palmeiras, o homem cumpre cinco anos e meio de prisão federal por roubar o equivalente a quase R$ 40 milhões em fundos federais de ajuda à Covid-19, usados, em parte, para comprar a ilha.
Patrick Walsh era proprietário da AirSign, uma empresa de publicidade aérea que operava uma pequena frota de dirigíveis com logotipos corporativos. Em 15 de junho de 2017, um deles caiu próximo a um campo de golfe, durante uma partida televisionada de "U.S. Open". O piloto era o único passageiro do avião e ficou gravemente ferido, mas sobreviveu.
— Eu estava dando a tacada inicial, olhei para cima e vi o avião pegando fogo. Senti enjôo no estômago — disse o jogador de golfe profissional Jamie Lovemark à Associated Press.
Após o acidente, os clientes da Airsign deixaram de investir na empresa. Para salvar os negócios, Walsh obteve empréstimos com juros altos do governo, que levaram a companhia a ter vendas de US$ 16 milhões e expandir o mercado para a América Latina e a Ásia.
Com a pandemia de Covid-19, em 2020, a empresa de Walsh entrou em um cenário crítico, e o empresário fez diversos pedidos fraudulentos de ajuda emergencial.
Entre março de 2020 e janeiro de 2021, o empresário apresentou mais de 30 pedidos fraudulentos de ajuda emergencial para pandemia de Covid e recebeu US$ 7,8 milhões, segundo o Departamento de Justiça dos Estados Unidos. De acordo com os procuradores federais, mesmo que Walsh tivesse seguido as regras, as empresas estariam qualificadas para um “pequeno subconjunto” dos empréstimos.
"Os falsos pedidos de empréstimo de Walsh incluíam várias discrepâncias. Por exemplo, o número de funcionários listados em vários pedidos era maior do que o listado anteriormente nos registros fiscais do empregador e algumas das empresas alegadas nem sequer existiam em 15 de fevereiro de 2020 (início dos programas de alívio à pandemia de COVID-19)", revelou o Departamento de Justiça dos Estados Unidos.
Em documentos oficiais, os promotores do caso afirmaram em documentos judiciais que os crimes eram "produtos da ganância". Foram citadas as compras da Ilha de Sweetheart, “bens de luxo” não revelados, campos de petróleo no Texas e um pagamento inicial de uma casa em Jackson Hole, Wyoming.
Em um processo judicial, os advogados de Walsh disseram que o empresário não foi motivado pela avareza, mas pelo desespero. Em janeiro, o dono da AirSign se declarou culpado e foi sentenciado a 66 meses de prisão.
Como parte de seu acordo judicial, Walsh concordou em devolver o valor roubado e vender a ilha, que, segundo os autos do tribunal, foi uma das primeiras compras com o dinheiro federal. Os promotores afirmaram que Walsh usou US$ 90 mil dos fundos para financiar a compra de Sweetheart Island por US$ 116 mil. Os registros de propriedades da Flórida mostram ela foi vendida por US$ 200 mil no final de junho de 2023.