História por CAMILA ZARUR • 15h
RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - Uma criança de cinco anos foi morta a tiros pelo próprio pai em Claro dos Poções, cidade no norte de Minas Gerais, informou a polícia. O crime aconteceu na tarde de quarta-feira (1º) no Cemei (Centro Municipal de Educação Infantil) Tia Naza, onde Davi Gabriel Dias Pinheiro estudava.
Ainda confirme a polícia, Manoel Pinheiro Neto, 52, também atirou contra Victor Jonathan Soares Veloso, 21, namorado de sua ex-mulher, que estava com Davi. Na sequência, o pai se matou.
A criança estava indo para a escola de bicicleta com Veloso quando o jovem percebeu que estava sendo seguido por Neto. Segundo a Polícia Militar, o namorado da mãe tentou fugir, mas o pai emparelhou o carro em que estava com a bicicleta e atirou contra os dois, sem conseguir acertá-los.
Veloso e Davi tentaram se abrigar dentro da escola, mas foram alcançados por Neto, que derrubou o namorado da ex-mulher no chão. O pai, então, atirou contra a cabeça do filho e do jovem, segundo relatos de testemunhas à PM. Em seguida, disparou contra si mesmo.
Segundo a Polícia Militar, ao chegar à entrada da escola com Davi, Veloso teria dito ao porteiro que estava sendo perseguido. Pediu que os deixasse entrar e depois fechasse a porta imediatamente.
Em depoimento à PM, o porteiro disse que tentou impedir a entrada do pai do menino na escola, mas foi ameaçado de levar um tiro e por isso abriu a porta.
Os três foram socorridos no local e seriam transferidos para hospitais de Montes Claros, cidade a cerca de 400 km de Belo Horizonte. No entanto, antes que pudesse ser levado pelo helicóptero dos bombeiros, Davi não resistiu e morreu.
Neto morreu durante a transferência em uma aeronave da corporação. Veloso, por sua vez, conseguiu ser transferido e está internado em uma unidade de saúde de Montes Claros. A Polícia Civil disse que não vai divulgar o estado de saúde da vítima.
De acordo com testemunhas e parentes ouvidos pela polícia, Neto não aceitava o fim do relacionamento com Nicole Nayara Dias, 28, mãe de Davi. Eles estavam separados havia três anos e travavam uma disputa judicial pela guarda do filho.
Em entrevista ao jornal O Tempo, Nicole disse que já havia recebido ameaças do ex e tinha contra ele um medida protetiva, que não era respeitada. A mulher afirmou que pediu ajuda às autoridades, mas não obteve ajuda.
"Ele [Neto] sempre falou que quando a gente fosse atingir alguém a gente tinha que focar no lado mais sensível. Foi isso que ele fez. Ele matou o amor da minha vida, o meu menino, o meu mundo", disse Nicole.
Questionada, a Polícia Militar nega que tenha sido procurada pela mulher. Afirmou ainda que o pai da criança não morava em Claro dos Poções, mas em Serro, cidade a cerca de 300 km de distância.
"Como o autor residia noutro município distante geograficamente (Município de Serro) e como a sua ex-companheira não noticiou à PM nenhum episódio recente de ameaça ou de perseguição, o caso não era monitorado pela equipe de Prevenção à Violência Doméstica da Polícia Militar de Minas Gerais", diz a corporação, em nota.
A Prefeitura de Claro dos Poções e a Secretaria Municipal de Educação lamentaram a morte de Davi. Em nota conjunta, afirmaram que o menino era acompanhado pelo Conselho Tutelar.
"O menor vinha sendo acompanhado pelo Conselho Tutelar do município, que também está dando suporte ao caso", disseram. "Ressalta-se que o crime deverá ser investigado pelas instituições competentes."
Pelas redes sociais, moradores de Claro dos Poções e amigos da família compartilharam mensagens de apoio pela morte do menino. "Quando uma mãe perde um filho, todos nós choramos um pedacinho de sua dor", diziam várias das publicações.
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