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Menina Madeleine, garota do Vaticano e Beatriz Winck: relembre desaparecimentos sem soluções, assim como o caso do escoteiro Marco Aurélio

Escoteiro Marco Aurélio está desaparecido há 38 anos, após sumir em uma trilha no Pico dos Marins. O caso dele, de Madeleine McCann, Emanuela Orlandi e Beatriz Winck são tidos como desaparecimentos misteriosos, que mesmo após anos de buscas e grande repercussão popular, seguem sem solução.

Por g1 Vale do Paraíba e Região

Menina Madeleine, garota do Vaticano e Beatriz Winck: relembre desaparecimentos sem soluções, assim como o caso do escoteiro Marco Aurélio. — Foto: Reprodução/ HANDOUT / METROPOLITAN POLICE / AFP/ AP Photo, files/ Arquivo pessoal

O caso do escoteiro Marco Aurélio, que desapareceu há 38 anos no Pico dos Marins, no interior de São Paulo, é um mistério sem solução, que comoveu comunidades, ganhou repercussão nacional e que décadas após o desaparecimento ainda mobiliza polícia, amigos e familiares para descobrir o paradeiro do escoteiro.

A angústia e a busca por uma resposta que move a família de Marco, quase 40 anos após o desaparecimento do escoteiro, é compartilhada pelas famílias de outras três mulheres que também sumiram há anos, sem deixar pistas.

Os casos de Madeleine McCann, que desapareceu ainda criança em Portugal; Emanuela Orlandi, que ficou conhecida como a garota do Vaticano após desaparecer em Roma; e Beatriz Winck, idosa que desapareceu no Santuário Nacional de Aparecida, um dos maiores templos católicos do Brasil, são tidos como desaparecimentos misteriosos, que mesmo com mobilizações internacionais, ainda não tiveram soluções.

Faz mais de 16 anos que Madeleine McCann desapareceu — ela tinha três anos na época — Foto: BBC

Madeleine McCann

O desaparecimento da menina britânica Madeleine McCann intriga o mundo há mais de 16 anos. A menina passava férias com a família em Portugal, quando desapareceu no dia 3 de maio de 2007, pouco antes de completar quatro anos.

A menina estava no quarto do hotel com seus irmãos gêmeos, na época com 2 anos, quando desapareceu. No momento de seu sumiço, seus pais, os médicos Kate e Gerry McCann, haviam saído para jantar num restaurante perto do hotel.

A criança desapareceu na Praia da Luz, um destino turístico no sul do país europeu. Quase duas décadas depois do sumiço, até hoje as circunstâncias exatas do que aconteceu não foram descobertas e a menina segue desaparecida, mesmo com o caso ganhando repercussão internacional.

O desaparecimento de Madeleine deu origem a uma campanha internacional para tentar encontrá-la. As fotos da menina rodam o mundo desde 2007, com apelo por informações em diversos países.

Madeleine McCann — Foto: PA Media

Até pessoas famosas, como os jogadores Cristiano Ronaldo e David Beckham, fizeram apelos na televisão para que a menina fosse encontrada.

Na época do desaparecimento, muitas pessoas foram ouvidas pela polícia portuguesa, como os pais da menina, funcionários do hotel, outros frequentadores e até cães farejadores também participaram das buscas.

Sem pistas, a polícia portuguesa encerrou o caso em 2008, 14 meses após o seu registro. No entanto, diante da comoção mundial persistente, com os pais de Madeleine chegando a fazer um apelo até ao Papa por mais investigações, o caso foi reaberto cinco anos depois.

Madeleine McCann tinha três anos quando desapareceu em 2007 — Foto: BBC

Então, em julho de 2013, a Scotland Yard abriu sua própria investigação sobre o desaparecimento de Madeleine. Os investigadores afirmavam que era, sim, possível que a menina estivesse viva.

Em 2018, a investigação policial do desaparecimento de Madeleine recebeu um novo financiamento público no valor de 150 mil libras, o que corresponde a cerca de R$ 900 mil.


Na época do crime, Christian B. vivia a poucos quilômetros do hotel da Praia da Luz, onde a menina desapareceu. Segundo autoridades da Alemanha, a menina está morta, mas o corpo não foi encontrado e a família segue buscando por Madeleine.

Emanuela Orlandi desapareceu há 40 anos, mas até hoje a Itália debate o que pode ter acontecido com a adolescente — Foto: AP Photo, files

Garota do Vaticano

Emanuela Orlandi, que ficou conhecida como a ‘garota do Vaticano’, está desaparecida há 40 anos. Ela sumiu quando era adolescente, aos 15 anos.

Filha de um porteiro do Vaticano, a estudante não voltou para casa em 22 de junho de 1983, após uma aula de música no centro de Roma, na Itália.

A polícia italiana foi mobilizada, assim como familiares, amigos, a comunidade, mas a jovem não foi localizada. Mais de 40 anos após o sumiço, ninguém tem certeza do que aconteceu com Emanuela.

As teorias sobre o desaparecimento de Orlandi vão desde a especulação de que estava ligada a um complô para matar o papa João Paulo 2º, que ela foi sequestrada pelo submundo de Roma, a acusações de que ela foi vítima de um grupo pedófilo sacerdotal.

É um dos mistérios mais duradouros da Itália, que atraiu atenção mundial e até do Papa Francisco. Sobre as acusações de desparecimento envolvendo religiosos, o Papa Francisco chamou as acusações de "insinuações ofensivas e infundadas".

A família Orlandi entrou no cemitério do Vaticano quando os dois túmulos foram abertos — 
Foto: Andreas Solaro/AFP

Em 2019, os túmulos de duas princesas do século XIX foram abertos em um pequeno cemitério alemão dentro das muralhas da Cidade do Vaticano, com a autorização do Vaticano e a pedido da família da jovem.

A família Orlandi havia recebido informações anônimas que indicavam que os restos mortais de Emanuela poderiam estar naqueles túmulos. Mas técnicos forenses abriram as sepulturas e verificaram que estavam vazias.

Depois, foram localizadas duas ossadas no sótão do Colégio Teutônico, ao lado do cemitério alemão. Os restos mortais foram acessados através de um alçapão, exumados, mas também não foram identificados como da estudante.

Em 2023, tanto os investigadores do Vaticano quanto os italianos reabriram as investigações, com possíveis novas pistas, mas ainda não se sabe o que aconteceu com Emanuela.

Neste ano, no 40º aniversário do desaparecimento, o Papa Francisco se manifestou sobre o caso e rezou pela família de Emanuela. O desaparecimento nunca resolvido intriga os italianos e é motivo de angústia para a família.

Imagem de Beatriz Winck quando desapareceu — Foto: Arquivo Pessoal

Beatriz Winck

Beatriz Winck desapareceu na tarde do dia 21 de outubro de 2012, no Santuário Nacional de Aparecida (SP). Na época ela tinha 77 anos e morava em Portão, no interior do Rio Grande do Sul.

Segundo a família, Beatriz viajou a Aparecida (SP) com o marido em uma excursão. Eles, que eram casados havia cerca de 60 anos, costumavam viajar com frequência a diferentes lugares com grupos de idosos.

O filho mais velho de Beatriz, João Winck, contou na época que a mãe não fazia nada sem o marido, sempre estavam juntos. Ainda de acordo o filho, pouco antes da viagem a Aparecida, Beatriz passou por exames que mostraram que ela não enfrentava problemas sérios de memória ou algo que a impedisse de ter a autonomia de participar de excursões com o marido.

No dia em que a aposentada desapareceu, ela e o marido haviam acabado de chegar a Aparecida. Segundo o relato do companheiro na época, ele e a esposa decidiram caminhar pelo Santuário, que na data estava lotado de turistas.

Em determinado momento, o marido pediu que a esposa o esperasse na porta de uma loja de artigos religiosos, enquanto ele aguardava em uma fila para pagar pelos itens que havia comprado.

No entanto, ao sair da loja, Beatriz havia sumido. O marido procurou por ela por todo o Santuário, buscou ajuda de seguranças, lojistas, devotos, chamou a polícia, mas Beatriz não foi encontrada.

Caso Beatriz Winck: Família fez imagem simulando envelhecimento, para ajudar a identificar a desaparecida. — Foto: Reprodução

A família chegou a buscar os registros de câmeras de segurança do Santuário, mas não havia imagens do momento em que a idosa desapareceu. Segundo a família, as filmagens não ficavam registradas.

Desde o desaparecimento da idosa, os familiares já tentaram diversas formas de encontrar respostas sobre o que aconteceu com Beatriz: distribuíram milhares de panfletos na região de Aparecida, tiveram o apoio de diversos voluntários que se mobilizaram na cidade para procurar Beatriz e divulgaram o caso intensamente por meio da imprensa e nas redes sociais.

A aposentadoria dela, segundo a família, logo foi bloqueada para evitar que o dinheiro pudesse ser usado por outras pessoas, caso ela tivesse sido vítima de algum tipo de crime. A polícia também começou a fazer buscas por Beatriz.

O sumiço em excursão a Aparecida que é mistério para família desde 2012 — Foto: Arquivo Pessoal

O filho não descarta que a mãe possa ter ficado desorientada, tenha tido algum problema de saúde ou até tenha sido vítima de um crime. Mas ele frisa que nunca soube de nenhum caso de idosa desmemoriada, perdida ou internada em um hospital que pudesse ser associado a Beatriz.

"Acho muito estranho o desaparecimento dela. A gente fez de tudo, divulgou de todas as formas possíveis e nunca surgiu uma informação concreta, absolutamente nada. Alguém poderia ter visto ela, mas até hoje não temos nada concreto ou qualquer indício. Isso me deixa com a pulga atrás da orelha”, afirmou João em entrevista a BBC em 2022.

Foram feitos site e páginas nas redes sociais para informações sobre o paradeiro de Beatriz, mas 11 anos após o sumiço, nenhuma pista concreta sobre o que aconteceu com a idosa surgiu e o paradeiro de Beatriz continua sendo um mistério sem solução.

Escoteiro Marco Aurélio Simon desapareceu aos 15 anos em 1985 no Pico dos Marins em Piquete (SP) — Foto: Arquivo pessoal
Marco Aurélio

O escoteiro Marco Aurélio Simon desapareceu na manhã do dia 8 de junho de 1985. Ele e outros três amigos, todos com 15 anos à época, acompanhados de um líder dos escoteiros faziam uma trilha ao cume do Pico dos Marins, o mais alto do estado de São Paulo, que fica na cidade de Piquete.

À época, polícia, bombeiros e equipes de inteligência fizeram buscas por 28 dias na área. Um inquérito foi aberto na Polícia Civil para investigar seu desaparecimento, mas terminou arquivado e sem resposta. Mais de 30 anos depois, com um novo depoimento, a polícia decidiu pela reabertura e investigação do caso.

Em 2021 e 2022 foram realizadas escavações no Pico dos Marins, que terminaram sem o encontro de novos indícios sobre o paradeiro do escoteiro.

Escoteiro Marco Aurélio Simon desapareceu aos 15 anos em 1985 no Pico dos Marins em Piquete (SP) — Foto: Arquivo pessoal

Outra linha de investigação aponta a suspeita de que Marco estaria em Taubaté, depois de terem visto um morador de rua com os mesmos traços dele. À época do desaparecimento, havia depoimento de um motorista de ônibus que disse ter visto Marco Aurélio e ter dado a ele carona para ele.

A polícia tem ouvido pessoas que estavam com o menino à época, pessoas que disseram ter visto Marco Aurélio e mapeado penitenciárias e espaços de acolhida de pessoas em situação de rua em busca de informações.

Caso Marco Aurélio: 38 anos após desaparecimento, retrato mostra como escoteiro estaria hoje — 
Foto: Reprodução

Nesta semana, 38 anos após o desaparecimento de Marco Aurélio, peritos da Polícia Civil retomaram as buscas e escavações no Pico dos Marins, após drones identificarem pontos onde ossos podem estar enterrados na região.

O drone tem tecnologia capaz de fazer detecção de materiais mesmo em uma grande profundidade. Cinco pontos foram demarcados e serão escavados ao longo dos próximos dias.


A reportagem apurou que os peritos usarão instrumentos para peneirar a terra nestes pontos, já que os ossos podem estar em migalhas por conta do processo de decomposição ao longo dos anos.

Dezenas de amostras já foram coletadas no primeiro dia de busca e vão passar por análise. A previsão é que a operação siga até sexta-feira (22). Mas, até o momento, nenhuma prova concreta sobre o que aconteceu com Marco foi descoberta. A família acredita que o escoteiro esteja vivo.

Caso Marco Aurélio: 1º dia de buscas termina com dezenas de amostras coletadas para análise; operação será retomada nesta terça-feira (19). — Foto: Rauston Naves/g1

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