Pelo menos 11 mortos em supostos confrontos já foram identificados; morador de rua morto em abordagem policial foi registrado como indigente
Renan Porto/Metrópoles
São Paulo – O governo de São Paulo confirma, até esta quinta-feira (3/8), 16 mortos em intervenções policiais na Baixada Santista desde a semana passada, quando o policial militar Patrick Bastos Reis, de 30 anos, foi assassinado durante patrulhamento na Vila Baiana, no Guarujá. Familiares de vítimas ainda tentam conseguir a liberação dos corpos.
Onze corpos foram identificadas até o momento. Pelo menos uma delas foi registrada no boletim de ocorrência sobre sua morte como indigente.
Nessa quarta-feira (2/8), a Polícia Militar informou que havia prendido 58 pessoas durante a operação no litoral. Segundo nota da Secretaria de Estado da Segurança Publica, 20 dos presos eram pessoas com ordem de prisão expedida pela Justiça, enquanto os outros 38 foram detidos em flagrante.
Quem são os mortos
28/7 – Fabio Oliveira Ferreira
Fabio Oliveira Ferreira, de 40 anos, foi morto na rua Albino Marques Nabeto, em Vicente de Carvalho no Guarujá. De acordo com os policiais, ele estavam “com volume na cintura e em atitude suspeita”. O homem teria tentado sacar uma arma.
29/7 – Felipe Vieira Nunes
Felipe Vieira Nunes, de 30 anos, foi morto na Vila Baiana, no Guarujá. Testemunhas relatam que ele não teria reagido à abordagem e que estava desarmado. Segundo familiares, teria sido possível ouvir pedidos de socorro vindo de uma viela onde ele estava. No boletim de ocorrência, a polícia afirmou que ele atirou primeiro.
31/7 – Felipe Nascimento
Felipe Nascimento, de 22 anos, foi morto no bairro Morrinhos 4, no Guarujá. Ele trabalhava como garçom em uma barraca de praia nas Astúrias. Familiares dizem que policiais tinham ido até a casa dele horas antes da morte e fizeram uma série de perguntas. Mais tarde, no mesmo dia, quando Felipe saiu para ir ao mercado, foi morto. A esposa dele diz ter visto policiais jogando a bicicleta do marido em um mangue.
31/7 – Morador de rua registrado como indigente
No último dia 31, um morador de rua foi morto com tiros de fuzil no bairro Sitio Conceiçãozinha, no Guarujá. De acordo com a polícia, teria havido uma perseguição policial. No boletim de ocorrência, consta que ele “carregava uma mochila nas costas” e tinha “certo volume” na cintura. O corpo não foi identificado e ele foi registrado como indigente.
31/7 – Cleiton Barbosa Moura
Cleiton Barbosa Moura, de 24 anos, foi morto no Sítio Conceiçãozinha perto da casa onde morava. Segundo a esposa dele, ele foi arrastado para um mangue e fuzilado perto do filho de 10 anos. No boletim de ocorrência, os policiais informaram que, ao avistar os agentes, ele correu para um beco e apontou a arma para eles.
1º/8 – Douglas da Conceição Jacon
Douglas da Conceição Jacon, de 24 anos, foi morto por volta das 5h40 da manhã, no Morro do São Bento, em Santos. Segundo familiares, ele foi alvo de uma “emboscada”. A polícia afirma que ele estava com drogas e teria reagido à abordagem
1º/8 – Layrton Fernandes da Cruz Vieira de Oliveira
Layrton Fernandes da Cruz Vieira de Oliveira foi morto por volta das 8h40, no bairro do Jabaquara, em Santos. Segundo um amigo que presenciou a ação policial, ele estava dormindo quando os agentes chegaram. A polícia afirma que realizou uma perseguição policial na região e que um suspeito entrou em uma casa. O homem teria atirado contra policiais e foi morto.
Também foram identificadas como vítimas de abordagens policiais William Santos de Oliveira, Mateus Eduardo dos Santos da Silva, Rogério de Andrade Jesus, Jefferson Junior Ramos Diogo e Evandro da Silva Belém. Os demais mortos ainda não foram identificados.
Prisão de suspeitos
De acordo com o delegado Antonio Sucupira, da Delegacia Sede do Guarujá, a Polícia Civil prendeu os três suspeitos de envolvimento na porte do soldado Patrick Reis. São eles Erickson David da Silva, apontado como autor do disparo que matou o PM; o irmão dele, Kauã Jazon da Silva, que seria o responsável por alertar sobre a movimentação de viaturas na região de uma “biqueira”; e um homem identificado como Marco Antônio, o Mazzaropi, que seria o responsável por vender drogas no local.
Polícia não descarta reação do PCC
A Polícia Civil de São Paulo não descarta a possibilidade de uma ação orquestrada pelo Primeiro Comando da Capital (PCC) contra forças de segurança na Baixada Santista como represália à operação policial que já matou 16 pessoas no litoral paulista em uma semana.
“Existe a possibilidade de reação do crime organizado. Precisamos agora ter mais atenção do que nunca, da Polícia Civil, da Polícia Militar e da GCM [Guarda Civil Municipal]. Qualquer um de nós pode ser alvo de represália. Nós estamos atrapalhando o comércio de drogas, porque pessoas estão sendo mortas em confronto”, disse um delegado da região, sob reserva.
Fonte - Metrópoles