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Prigojin: Infográfico mostra últimos momentos de avião que caiu na Rússia

Aeronave perdeu 2,6 mil metros de altitude em 18 segundos, ficou sem sinal e entrou em colapso. O GLOBO conversou com engenheiro do ITA que participou do desenvolvimento do Legacy

Por Alfredo Mergulhão — Rio de Janeiro
Avião de Yevgeny Prigojin em chamas, na Rússia — Foto: TELEGRAM/ @grey_zone / AFP

A análise sobre o que aconteceu nos últimos 18 segundos em que o avião onde supostamente estava o chefe do grupo Wagner, Yevgeny Prigojin, serão fundamentais para descobrir a causa do incidente. Neste intervalo de tempo, o jato Legacy 600, da Embraer, perdeu 2,6 mil metros de altitude e então ficou sem sinal. A aeronave caiu, pegou fogo e deixou dez pessoas mortas nesta quarta-feira.

Dados sobre o voo foram obtidos pelo FlightRadar24. O avião estava a 28 mil pés (8,6 km) de altitude às 18h10 no horário local e assim permaneceu por mais nove minutos. Às 18h19 a aeronave começa a cair levemente, mas volta a subir até 31 mil pés.

Em seguida, o gráfico feito a partir dos dados mostra que a aeronave oscilou entre pequenas subidas e descidas, até que às 18h 19 minutos e 55 segundos inicia uma queda brusca.

Infográfico mostra a queda do avião Legacy onde upostamente estava o chefe do grupo Wagner, Yevgeny Prigojin — Foto: Editoria de Arte

Nos últimos 18 segundos de voo, o Legacy perdeu cerca de 10 mil pés (2,6 mil metros), o que indica anormalidade. Uma descida de emergência deve ser feita de 30 mil pés até 10 mil em 3 minutos, de acordo com o professor Adson de Paula, do Departamento de Projetos de Aeronaves do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), em entrevista ao GLOBO.

— Em uma descida de emergência o piloto tem que descer rapidamente, porque com a despressurização os passageiros não conseguem sobreviver àquela altitude de 28 mil pés, então por isso ele tem que descer muito rápido. A descida de emergência a gente fala de 10 mil pés em 60 segundos. Ele [o avião Legacy] desceu 10 mil pés em 18 segundos, então realmente aconteceu uma coisa muito séria — disse o docente.

Às 18h 20 minutos e 12 segundos o avião estava a 20 mil pés de altitude (6 km), mas fica sem sinal e não há mais dados disponíveis a partir de então.

— Deve ter tido um segundo dano de maior amplitude em que se perde o sinal. Então a gente está falando de um dano no primeiro nível, a 30 mil pés, sério, que a gente não sabe se é explosão, se foi um colapso estrutural, e a aeronave vai a 18 mil pés e lá acontece outro evento, provavelmente de maiores proporções e a aeronave entra em um nível maior de colapso, com possível explosão — explicou o professor.

O Legacy é avião da Embraer com quase 20 anos no mercado e que faz parte da família ERJ-145, uma aeronave que opera voos regionais. Por ser destinado à aviação executiva, teve seu interior e desempenho configurados para atender a este público.

Para o professor, a segurança do Legacy tem uma "confiabilidade extra" pelo fato de que se originou de um outro avião que já havia sido certificado. E o processo de certificação internacional —tanto do ERJ-145 quanto do Legacy — tem duração de 2 a 4 anos.

— A aeronave Legacy 600 é extremamente segura — afirmou de Paula. — A família ERJ-145 da Embraer tem um histórico de segurança, impressionante mesmo para a aviação, com 40 milhões de horas de voo sem acidente fatal, sendo um recorde absoluto.

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O professor ressalta que ainda há poucas informações precisas sobre a queda do avião, e que elas chegam de forma difusa. Mas a observação das imagens pode sugerir hipóteses a respeito do incidente. Um dos vídeos mostra a "integridade da aeronave foi comprometida em uma certa altitude". A afirmação do docente é feita com base na filmagem em que, aparentemente, uma asa está danificada.

— Na aeronave, em um dos vídeos, parece que não há uma asa. Então algo muito grave deve ter acontecido para a total destruição de uma parte aeronave. Mas é bem improvavel de ser problema técnico, na aviação esse tipo de erro é raro — afirmou.

Em altitude de cruzeiro, a 28 mil pés, o Legacy voava a 950 km/h, uma velocidade que sua estrutura foi construída para suportar. Para perder uma asa em pleno voo, a aeronave teria que estar "em mergulho" de alta velocidade na direção da superfície, planando mais rápido do foi projetada para voar. Ou então ter sofrido dano.

— A imagem mostra a aeronave ainda muito alta para pensar que houve uma ruptura por excesso de velocidade em mergulho, não me parece que isso aconteceu. Ao mesmo tempo, há a possibilidade de realmente de ter acontecido um ataque — explicou o docente.

Suspeita de explosão

Uma explosão é apontada como possível causa da queda da aeronave na Rússia, conforme consta em relatórios preliminares de Inteligência dos EUA e de outros países ocidentais. A informação foi publicada nesta quinta-feira pelo The New York Times.

As análises são feitas com os dados disponíveis no momento, ainda sem uma conclusão definitiva sobre o que provocou o incidente no movimentado corredor aéreo entre Moscou e São Petersburgo.

De acordo com o jornal americano, a explosão pode ter sido causada por uma bomba ou outro dispositivo explosivo colocado dentro da aeronave, mas também há outras especulações, como combustível adulterado. Conforme a publicação, o governo dos EUA também não detectou via satélite o lançamento de nenhum míssil ou armamento que possa ter derrubado o avião.

O Legacy 600 onde supostamente estava Prigojin caiu no fim da tarde de quarta-feira quando voava de Moscou para São Petersburgo. Além do líder do grupo paramilitar Wagner, havia no voo três tripulantes e seis passageiros, incluindo Dmitry Utkin, chefe comandante dos mercenários. Todos morreram.

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