A destruição da reputação começou com os petistas dizendo que Romeu Zema é de “extrema direita”. Agora, ele também é “anti-Nordeste”
Por Mario Sabino
Marcello Casal Jr./ Agência Brasil
Em janeiro deste ano, escrevi neste espaço que o governador de Minas Gerais, Romeu Zema, enfrentaria o vale-tudo petista. “Prepare-se, Romeu Zema, porque os petistas irão com o seu vale-tudo habitual contra você. O governador mineiro terá contra si aquela imprensa imparcial que justapõe verdades para dizer mentiras, os blogs sujos redivivos e os militantes virtuais que já estão à toda nas redes sociais contra quem ousa discordar de Lula. Terá também de enfrentar intimidação judicial. A guerra já começou”, disse eu.
Exemplo do vale-tudo petista é o que está ocorrendo agora. Os suspeitos de sempre estão ecoando nesta imensa Casablanca que Romeu Zema afirmou ao Estadão que a frente de governadores do Sul e do Sudeste era “contra o Brasil”. Basta ler a entrevista para verificar que ele não disse isso. Romeu Zema afirmou que a frente de governadores do Sul e do Sudeste era para dar mais peso político em Brasília aos estados dessas regiões, assim como fazem os estados do Nordeste, que jogam juntos.
Para bater em Romeu Zema, os petistas se aproveitaram do título absurdo com o qual o jornal publicou a entrevista. Eles sabem que pouca gente leu ou se dará ao trabalho de ler a entrevista e que qualquer correção não apagará o erro anterior. O jogo é bruto, como também prova a hostilidade permanente de Jean Wyllys contra Eduardo Leite.
Romeu Zema almeja ser o candidato da direita à Presidência da República, e a esquerda o vilipendia desde já. O trabalho de destruição da reputação começou quando lhe imputaram ser de “extrema direita”. Agora, Romeu Zema também é o político “anti-Nordeste” — o que significa colocá-lo também nas hostes dos extremos burros, uma vez que um candidato ao Palácio do Planalto precisa do voto nordestino para eleger-se.
O indefectível ministro da Justiça, Flávio Dino, fez o resumo de mais essa ópera bufa do PT, sem citar o nome do governador mineiro. No Twitter, disse que é “absurdo que a extrema direita esteja fomentando divisões regionais” e que “traidor da Constituição é traidor da Pátria”, citando Ulysses Guimarães. Flávio Dino é tão cômico quanto os aloprados separatistas que surfam na onda da entrevista de Romeu Zema.
Romeu Zema não parece ser burro, muito menos extremo, ele só abre o flanco com falas sincericidas e metáforas primárias, que revelam mais falta de literatura e de traquejo político do que de qualquer outra coisa.
Essa história de ser anti-Nordeste surgiu quando ele disse, bem antes da entrevista ao Estadão, que “se tem estados que podem contribuir para esse país dar certo, eu diria que são esses sete estados aqui [das regiões Sul e Sudeste]. São estados onde, diferente da grande maioria, há uma proporção muito maior de pessoas trabalhando do que vivendo de auxílio emergencial”.
Foi um lula nos acuda, mas Romeu Zema disse a verdade na segunda parte da frase, de acordo com a congelante realidade dos números. Em abril deste ano, em todos os estados do Nordeste e em dois no Norte, havia mais gente recebendo o Bolsa Família do que trabalhando com carteira assinada, de acordo com o Caged e o Ministério do Desenvolvimento Social. E não é que esse quadro tenha mudado de lá para cá. No Maranhão e no Piauí, a proporção é de 2 beneficiários do Bolsa Família para cada trabalhador com carteira.
Todo mundo sabe que o PT pratica o assistencialismo eleitoral principalmente no Nordeste e que esse é o motivo de o partido e os seus aliados esmagarem nas eleições por lá. A questão não é o nordestino, nunca foi, é a pobreza preservada como tesouro eleitoreiro pelos verdadeiros traidores da Pátria.
Fonte - Metrópoles