Juíza afirma que vídeos indicam que garrafa que atingiu Gabriela Anelli foi arremessada por outra pessoa
Confusão deixa uma jovem ferida do lado de fora do Allianz Parque durante Palmeiras x Flamengo Reprodução
A juíza Marcela Raia de Sant'Anna, da 5ª Vara do Júri de São Paulo, determinou nesta quarta-feira, a soltura de Leonardo Felipe Xavier Santiago, torcedor do Flamengo que foi preso no sábado após confronto entre as torcidas do rubro-negro e do Palmeiras que culminou com a morte da torcedora do Palmeiras Gabriela Anelli. Gabriella foi atingida por uma garrafa de vidro e não resistiu aos ferimentos. A magistrada acolheu a um pedido do Ministério Público.
A decisão ainda determina que a investigação seja tocada pelo Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP) e saia da Delegacia de Polícia de Repressão aos Delitos de Intolerância Esportiva (Drade). Isso porque, em coletiva de imprensa, o delegado Cesar Saad afirmou que Leonardo havia confessado que atirou uma garrafa de vidro, mas em seu depoimento na delegacia o homem afirmou que só havia arremessado pedras de gelo. A juíza chamou a postura do delegado de "lamentável".
Na decisão, a juíza concorda com a afirmação do MPSP de que não é possível cravar, pelas imagens da briga ocorrida nos arredores do Allianz Parque, que Leonardo foi o responsável por arremessar uma garrafa porque os vídeos mostram um homem diferente com garrafas de vidro na mão.
"Conforme imagens dos fatos feitas por pessoas desconhecidas, a pessoa que arremessou a garrafa contra os torcedores palmeirenses trata-se de um homem que possui barba, sendo, portanto, fisicamente diferente do autuado, além de vestir camisa clara, diversa da camisa do time do Flamengo que o autuado vestia quando foi preso. Tudo indica, portanto, que a garrafa que vitimou fatalmente Gabriella foi arremessada por outra pessoa que não o autuado, o que enseja a imediata revogação de sua prisão preventiva, com o prosseguimento das investigações para que o verdadeiro autor seja identificado, bem como para que eventual participação do autuado seja apurada", destacou a juíza.
Leonardo Felipe Xavier está preso no Centro de Detenção Provisória (CDP) de Pinheiros, na Zona Oeste da capital. Foi determinada a expedição de alvará de soltura.
Os advogados de Leonardo, Renan Bohus e Thiago Huber, afirmaram na tarde desta quarta-feira que seu cliente estava participando da briga, mas arremessou apenas pedras de gelo na torcida rival, e que ele não aparece em nenhuma imagem com garrafa na mão. A defesa ainda argumenta que a prisão de Leonardo foi corroborada por testemunhas, mas só foram ouvidos torcedores do Palmeiras e nenhum do Flamengo. “Houve de fato um arremesso, mas não se deve validar o depoimento das testemunhas. Inclusive a gente vai pedir que essas pessoas não sejam ouvidas como testemunhas, mas como informantes, porque são torcedores do Palmeiras e morreu uma palmeirense. Você quer a justiça então aponta a qualquer torcedor rival”, destacou Huber.
A briga
A briga em que Gabriela foi ferida ocorreu por volta de 17h30, mais de três horas antes do início da partida entre Palmeiras e Flamengo pelo Campeonato Brasileiro, marcada para às 21h de sábado. O confronto ocorreu na Rua Padre Antônio Tomás, onde há a entrada para a torcida visitante e também acesso aos camarotes usados por palmeirenses. No local é montada uma estrutura metálica para separar as duas torcidas, mas um espaço havia sido aberto para passagem de uma viatura da Guarda Civil Metropolitana (GCM), conforme registrado no boletim de ocorrência.
Os portões para acessar o estádio seriam abertos somente às 19h e a equipe da Polícia Militar que atuaria na segurança do evento estava prevista para chegar pouco antes desse horário. Assim, no momento em que ocorreu a briga, havia apenas agentes da GCM por ali. A briga envolveu torcedores comuns e não torcidas organizadas.
Fonte - O Globo