Chandler, de 8 anos, recebeu o diagnóstico de osteossarcoma, um tipo raro de câncer no osso
Quando recebeu a notícia de que seu filho teria pouco tempo de vida, Cong e Trang Tran ficaram devastados, principalmente porque tudo aconteceu muito rápido. Fã de Star Wars, o pequeno Chandler, de apenas 8 anos, foi diagnosticado com um osteossarcoma – um tipo raro de câncer no osso –, no Star Wars Day deste ano, em 4 de maio. Infelizmente, o quadro do garoto está tão avançado que os médicos interromperam a quimioterapia, pois não tinha mais como tratá-lo.
Dias antes do diagnóstico, os pais de Chandler perceberam que o menino tinha um inchaço do tamanho de uma ervilha na perna esquerda. O casal, que mora em Sydney, na Austrália, notou que o menino estava mancando. “Perguntamos a ele: 'Você bateu a perna em alguma coisa?' Mas ele disse: 'Não, não aconteceu nada'”, relatou Cong ao site 7news.
Chandler foi diagnosticado com câncer com 7 anos
Foto: Reprodução 7 news
Assustado com a possibilidade do filho ter tumores, o pai decidiu pesquisar mais. “Eu meio que tinha na cabeça que poderia ser isso, por mais que eu não quisesse”, afirmou. Quando Chandler começou a reclamar de dor, os pais decidiram levá-lo ao pronto-socorro. “Eles fizeram um raio-x e voltaram sem nada”, contou Cong, acrescentando que a equipe médica recomendou mais testes em outro lugar.
No dia seguinte, os pais foram para o Hospital Liverpool, na Austrália, para o filho fazer uma ressonância magnética. Logo depois, eles receberam a ligação que nenhuma família quer receber: o resultado do exame apontava que o menino tinha um tipo raro de câncer. Segundo os médicos, ser diagnosticado com osteossarcoma com 7 anos é muito raro. Além disso, o quadro do pequeno estava ainda mais crítico porque o câncer tinha se espalhado para o pulmão.
“Isso realmente nos preocupou, porque uma vez que se espalhasse, tornaria as coisas muito mais difíceis”, relatou Cong. “Mas não demorou muito para simplesmente mudarmos de ideia e nos concentrarmos no que tínhamos que fazer para ajudá-lo a superar isso”, acrescentou. Como tratamento para o câncer, os médicos recomendaram 29 semanas de quimioterapia e cirurgias. “A enfermaria do hospital se tornou sua casa”, desabafou o pai.
Em agosto, quando Chandler fez 8 anos, o hospital chegou a fazer uma festa com a temática de LEGO, brinquedo que o pequeno gosta muito. Além disso, como presente de aniversário, Chandler pôde passar alguns dias em casa com sua família na segunda semana de setembro.
Logo depois, o quadro do pequeno começou a piorar. “Estava tudo bem por alguns dias, mas então a perna dele começou a doer muito a ponto de ele não conseguir mais movê-la”, disse Cong. Os pais o levaram de volta ao hospital, onde os médicos encontraram uma fratura em sua rótula – osso arredondado, móvel, que fica um pouco acima da articulação do fêmur. “Até hoje, não sabemos o que causou a fratura, talvez o tumor tenha causado alguma inflamação que empurrou algo ao redor”, explicou Cong.
Diante da piora do quadro, os especialistas sugeriram que Chandler fizesse uma amputação da perna. “Os médicos disseram que seria um curto período de recuperação e um baixo risco de infecção, o que garantiria que eles poderiam se livrar dos cânceres”, contou Cong. “Foi horrível, mas, uma vez que você tira a emoção disso, foi a decisão lógica de apenas concordar em fazer isso.”
Alguns dias antes da cirurgia, Chandler chamou seu pai para sua cama. “Ele disse: 'Papai, estive pensando sobre isso e tive uma ideia. Você pode tirar uma foto da minha perna para mim no meu tablet? Eu quero fazer alguma coisa'”, relatou Cong.
O pai tirou a foto e devolveu o tablet a Chandler. Alguns momentos depois, ele mostrou o que tinha feito. “Ele desenhou um coração de amor na perna e escreveu: 'Querida perna, sentirei muito sua falta quando você se for. Com amor, Chandler'.”
A cirurgia correu bem e Chandler estava se recuperando bem da amputação. Ele até tinha planos de construir sua própria perna protética de LEGO. No entanto, logo depois, os pais receberam a notícia DE que o pulmão do filho não estava se recuperando. “Seu pulmão direito estava meio cheio de líquido e os tumores haviam crescido tanto em tamanho quanto em número”, contou o pai.
“Então, tivemos reuniões com os médicos e eles praticamente disseram que chegamos a um ponto em que não podemos salvá-lo… Não havia mais como salvá-lo. Isso obviamente nos deixou arrasados”, lamentou.
Cong e Trang tomaram a difícil decisão de descontinuar a quimioterapia de Chandler. Depois de quase seis meses morando em um hospital, Chandler voltou para casa, onde o foco agora é ajudá-lo a aproveitar o resto de sua vida com seus pais e seu irmão. “(Seus pulmões) estão lutando, com certeza”, disse Cong. “Estamos apenas esperando e rezando para que continuem lutando até o próximo ano. Ficaríamos muito felizes em tê-lo conosco no Natal e por quanto tempo pudermos”, ressaltou. “Estamos muito, muito felizes em vê-lo em casa e vê-lo sem dor. Esta é a primeira vez em muito tempo que vemos nosso Chandler normal novamente", completou.
Com a história do filho, Cong quer conscientizar as pessoas sobre o osteossarcoma. “Seria ótimo se [a história de Chandler] alcançasse as pessoas certas e fizesse barulho sobre os cânceres mais raros, porque eles não são apenas raros, mas também parecem muito agressivos e difíceis de tratar”, ressaltou o pai. "Tendo passado pelo que passamos nos últimos seis meses, realmente esperamos que outras pessoas tenham a chance de não passar por isso”, finalizou.
Os cânceres mais comuns entre as crianças são aqueles que afetam as células do sistema sanguíneo e os tecidos de sustentação, de acordo com o Inca (Instituto Nacional de Câncer). Os tumores mais recorrentes na infância são as leucemias (que afetam os glóbulos brancos), os do sistema nervoso e os linfomas (sistema linfático). Também são frequentes os neuroblastomas, retinoblastomas, os tumores de Wilms (tipo de tumor renal) e os osteossarcomas (tumor ósseo).
Osteossarcoma
É o tipo mais comum de câncer nos ossos, responsável por cerca de 3% de todos os casos de câncer em crianças e adolescentes. Costuma aparecer com mais frequência a partir dos 10 anos de idade. Normalmente, se desenvolve em regiões em que os ossos estão crescendo mais rapidamente, como fêmur, tíbia e úmero. As chances de cura dependem de muitos fatores, como, por exemplo, localização do tumor, quando foi encontrado pela primeira vez, idade do paciente...
Sintomas: dor no local é a queixa mais comum. No começo, costuma ser mais forte à noite e depois de se exercitar ou movimentar muito. Pode ser confundida com dor de crescimento. Inchaço local também costuma aparecer. Se seu filho tiver esses sintomas e eles não sumirem (ou piorarem) em algumas semanas, a recomendação é procurar o médico para investigação.
Diagnóstico: exames físicos e de imagem, como raio-x, tomografia e ressonância magnética. Biópsias também podem ser necessárias.
Tratamento: na maioria das vezes, a quimioterapia é feita antes e depois da cirurgia de retirada do tumor. Ela diminui o risco de a doença voltar após o fim do tratamento e ajuda o médico a fazer uma cirurgia menos invasiva. A radioterapia é menos comum.
Fonte - Revista Crescer