Integrantes da cúpula da Caixa, dona de terreno no Gasômetro, afirmam nos bastidores que negócio ainda depende de estudo de uma consultoria independente
Região do antigo Gasômetro, onde o Flamengo sonha em construir estádio, no Rio Márcia Foletto
Apesar das promessas do presidente Jair Bolsonaro, a negociação entre a Caixa e o Flamengo para a construção de um estádio no Gasômetro, no Rio, segue parada. Segundo fontes do governo e do banco público, ainda não há acordo sobre a área, e o assunto parece um jogo de empurra, embora o presidente, que tenta a reeleição, busque dar notícias positivas para a maior torcida do país.
No domingo, em entrevista de Londres, Bolsonaro voltou a prometer apoio à venda do terreno ou uma parceria da Caixa com o time. Mas integrantes da cúpula do banco afirmam nos bastidores que a negociação ainda depende de um estudo de uma consultoria independente. No fim de semana, circularam rumores de que a Caixa e o Flamengo tinham fechado um acordo em torno do projeto, mas isso foi negado por integrantes do banco estatal.
O trabalho de consultoria será feito pelo fundo de investimentos Vinci Partners, que desde o início de 2021 tem um contrato com o banco para fazer um amplo levantamento sobre os ativos na região e melhores alternativas para trazer retorno financeiro. Uma das conclusões é que a área tem vocação para empreendimentos residenciais e não centros comerciais, como era o plano inicial.
Interlocutores do fundo confirmam que a Caixa solicitou um estudo sobre o potencial de receitas com a construção do estádio no terreno do gasômetro, considerado um dos mais valiosos no Porto Maravilha. Mas, segundo essas fontes, a Caixa ainda não entregou informações relevantes, como ganhos com bilheteria, venda de cadeiras e camarotes para que os cálculos sejam feitos.
Segundo fontes envolvidas nas discussões, o presidente do Flamengo, Rodolfo Landim, se reuniu recentemente com a Caixa e com a Secretaria de Patrimônio da União (SPU) para tratar do assunto.
Fontes próximas ao negócio dizem que o potencial imobiliário da região vem deslanchando. Cerca de 5 mil unidades residenciais já foram comercializadas. Os empreendimentos mais avançados são das construtoras Cury e Emccamp.
A Caixa é gestora de um fundo de investimento imobiliário, composto por vários terrenos e Certificados de Potencial Adicional de Construção (Cepacs). Esses títulos foram emitidos pela prefeitura do Rio e garantem aos credores maximizar ao máximo a obra na concessão do alvará. Um prédio de quatro andares, por exemplo, poderá chegar a 20 andares.
Esse fundo recebeu um aporte direto do FGTS de R$ 5 bilhões para desenvolver a região e acelerar as obras para as Olimpíadas de 2016. Na época, o uso do dinheiro do Fundo foi muito criticado. Até agora, o investimento não deu resultado e vem sendo contabilizado como prejuízo.
O prefeito do Rio, Eduardo Paes, e o próprio clube defendem que a Caixa doe o terreno. Já o banco alega que o interesse é vender ou estruturar uma operação imobiliária que traga resultados para o banco.
Na semana passada, Paes conversou com Landim e o deputado Pedro Paulo (PSD-RJ) por telefone e prometeu uma reunião presencial para deliberar sobre os próximos passos e a aprovação de uma lei municipal para acelerar o projeto.
Segundo o deputado, Landim ficou de apresentar um anteprojeto do empreendimento. "Parece que as negociações estão avançando", disse o parlamentar.
Procurada, a Caixa e o prefeito ainda não responderam. Landim também não retornou. A assessoria do Vinci Partners informou oficialmente que não comentaria. Procurado, o Flamengo informou que não irá se manifestar sobre este assunto.
Fonte - Metrópoles