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EM CAMPANHA - Quando o erotismo entra na campanha


A recente peça publicitária da distrital, Julia Lucy (UB), que tenta uma vaga a federal. foca o eleitorado masculino. A candidata posa com um maiô decotado, expondo seus dotes anatômicos. Não bastasse a imagem, o texto da campanha reafirma a sexualização da estratégia de marketing: “Seu amigo já tem federal? Agora tem: Júlia Lucy”

Em 24 de fevereiro desse ano, o direito de voto das mulheres completou 90 anos. A conquista foi consagrada por meio do decreto 21.076/32, do então presidente Getúlio Vargas. Desde então, aos poucos as mulheres vem conquistando seu espaço de direito no mundo da política, votando e sendo votadas. Não tem sido uma caminhada fácil, mas historicamente, importantes quadros foram revelados, trazendo fortes contribuições para o Brasil.

Se de um lado, há mulheres que buscam demonstrar que no mundo da política são iguais ou mesmo melhores do que os homens, elaborando importantes leis, fiscalizando a ação governamental; de outro, há mulheres que reafirmam valores extremamente machistas para conquistar apoio. Demonstração desse erro de percurso é a recente peça publicitária da distrital, Julia Lucy (UB), que tenta uma vaga a federal. Focada no eleitorado masculino, a candidata posa com maiô decotado, expondo seus dotes anatômicos. Não bastasse a imagem, o texto da campanha reafirma a sexualização da estratégia de marketing: “Seu amigo já tem federal? Agora tem: Júlia Lucy”.

A candidata é exibida da forma que os movimentos da emancipação feminina condenam, qual seja, a transformação da mulher em um mero objeto sexual. O curioso é que, em abril, quando a cantora Anita estourou nas paradas internacionais de sucesso, Julia Lucy metralhou a artista: “Ela, como brasileira, somente está reforçando o velho papel que a mulher brasileira sempre ocupou: papel de mulher gostosa, papel de objeto a ser consumido”, disse a parlamentar em um vídeo.

A peça publicitária já não é mais visível em seu perfil do instagram. Em nota, sem informar se retirou ou não das redes a propaganda, a distrital afirma não ter permitido que a política a masculinizasse.

“Não aceito nenhum rótulo. Por isso, ao longo do mandato, conciliei postagens sobre política e vida pessoal, exatamente para mostrar que uma mulher, estando deputada, pode continuar sendo quem ela gosta de ser. […] O fato de ter que me explicar sobre uma postagem comum, que diversas mulheres também postam diariamente, evidencia que expectativas foram frustradas, sobretudo a de que a minha vida deveria ser resumida à uma carreira política tradicional. Experiência similar está sendo vivida pela primeira-ministra da Finlândia, que precisou se justificar em relação a ter dançado numa festa privada. Pasmem: primeira-ministra não pode dançar, e deputada não pode tirar foto de biquíni! Lamentavelmente, mulheres na política sempre precisam se justificar, por simplesmente ocuparem esses cargos.”

Uma coisa é uma campanha misógina contra uma chefe de Estado, por ela aparecer dançando numa festa. Outra, é uma candidata se valer de atributos sensuais para atrai o voto masculino.


Na década de 1980, a atriz pornô Cicciolina foi a novidade nas eleições parlamentares da Itália. Cientistas políticos classificam como sendo o início da pornopolítica.

Sexo na política

O sexo na política não é novidade. Normalmente, é usado por quem não tem conteúdo programático, sem tradição, desprovido de propostas que cativem o eleitorado. O recurso então é se valer de outros dotes.

Internacionalmente, o símbolo máximo desse padrão eleitoral ocorreu, na década de 80, na Itália, quando a atriz pornô Ilona Staller, a Cicciolina, se lançou com seios de fora ao parlamento. Inaugurava-se ali o que os cientistas políticos denominaram de pornopolítica.

Cicciolina se elegeu, mas a estratégia eleitoral de mostrar as curvas femininas é de eficiência duvidosa.

A cantora MC Bandida, que vende suas imagens em sites eróticos adultos, tenta pela terceira vez uma vaga no mundo parlamentar.


A cantora MC Bandida, que vende suas imagens em sites eróticos adultos, tenta pela terceira vez uma vaga no mundo parlamentar. Em 2014 e 2018, sua abundante e reveladora propaganda em frente ao Congresso Nacional não deu resultado: 237 e 120 votos, respectivamente, para distrital.

Sua abundante e reveladora propaganda em frente ao Congresso Nacional não deu resultado em 2014 e 2018 (237 e 120 votos, respectivamente, para distrital). Agora, na plataforma de campanha, ela promete a suas eleitoras próteses de glúteo gratuitamente pelo SUS.

Evidência a qualquer custo

A estratégia de Julia Lucy deve ser estar em evidência a qualquer custo. Viúva da candidatura de Reguffe ao GDF – de quem queria ser vice – ela tenta, agora, em voo solo ser parlamentar federal. Seu mandato na Câmara Legislativa demonstrou muito pouca preocupação com questões sociais e ambientais.

Na CLDF, defendeu a facilidades para o porte de armas, condenou o isolamento social e chegou a convocar seu eleitorado para happy hour nos momentos mais críticos da Covid; foi o único voto contrário à lei que introduzia medidas de proteção aos motoristas de aplicativo; apresentou projeto flexibilizando de uma só vez seis leis ambientais locais; e, a exemplo do que fez com a proibição dos canudinhos descartáveis, tenta, agora, flexibilizar a proibição de distribuição de sacos de lixos nos mercados.

Nessa eleição, Lucy promete incentivos fiscais para os donos de pet. Ela quer que as despesas com os totós e gatinhos sejam dedutíveis do Imposto de Renda. Ela foca o supérfluo, vai na linha do presidente Jair Bolsonaro que zerou as alíquotas do imposto de importação sobre jet-skis, balões e dirigíveis. Seria bom lembrar a parlamentar que eleição não é concurso de beleza e que a população de Brasília e do Brasil tem necessidades mais prementes. Política é coisa séria, dela depende o bem estar de milhões de brasileiros, por isso deve ser exercida com qualidade por mulheres que sabem fazer a diferença.

Fonte - Portal do Chico Santana

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