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POLÍCIA - Médico afastado por suspeita de violência obstétrica é denunciado por outras pacientes por ofensas e erros médicos, em Niquelândia

Mulheres entraram com processos na Justiça, mas ainda não há sentenças. Nas ações, obstetra nega qualquer conduta imprópria nos atendimentos.

Médico Américo Lúcio Neto, afastado suspeito de violência obstétrica — Foto: Reprodução/Cremego

O ginecologista e obstetra Américo Lúcio Neto, que foi afastado do Hospital Municipal de Niquelândia após denúncia de violência obstétrica, é processado por outras pacientes que afirmam terem sido ofendidas pelo médico, recebido tratamento ríspido e vítimas de erros médicos no município do norte goiano. Em algumas situações, os bebês morreram após o parto.

O g1 tentou contato com a defesa do médico por ligação e mensagem às 10h50 deste domingo, mas não teve retorno até a última atualização dessa reportagem. Nos processos, os advogados de Américo apontam que não há provas de qualquer conduta errada por parte do profissional.

Todos os processos ainda estão em tramitação, não havendo decisão com relação aos casos.

Uma das situações aconteceu em abril de 2021. Uma pescadora que tinha 36 anos na época contou que estava grávida do quarto filho e, ao chegar na 38 semanas de gestação, entrou em trabalho de parto. Ela foi ao hospital municipal e foi constatado que ela estava com pressão alta e que o feto estava com quase 4 kg.

A paciente disse que, ao ser atendida pelo obstetra Américo Lúcio, ouviu dele frases como: “Não sei por que uma mulher com 36 anos quer ter mais filhos, sendo que você já tinha três filhos, só para dar trabalho para o médico” e “mulher velha, de 36 anos”.

Durante o trabalho de parto, a paciente disse que o médico, sem aviso, fez o ‘pique’, um procedimento cirúrgico que tem por objetivo aumentar a abertura vaginal na hora do parto para facilitar a saída do bebê. De acordo com as diretrizes do Ministério da Saúde, a prática deve ser evitada.

O bebê nasceu, mas não chorou, o que gerou preocupação na mãe. Os médicos tentaram reanimar a criança, mas ela acabou morrendo.

Hospital Municipal de Niquelândia — Foto: Reprodução/TV Anhanguera

Em outro caso, em janeiro de 2017, uma dona de casa relata que estava com o parto marcado para o dia 15. Ao chegar à unidade, foi mandada de volta para casa pelo médico, que afirmou ainda não ser a hora da criança nascer. Três dias depois, ainda passando mal, voltou ao hospital. Lá, foi chamada de “vaca”, “porca” e questionada pelo médico se “não tinha outra hora para você vir não?”.

A paciente relata no processo que move contra o obstetra que, devido à demora no parto, o bebê precisou ficar no balão de oxigênio. Além disso, ela teve infecção, mas que não recebeu a devida atenção do médico.

Demora no parto

Já uma lavradora que tinha uma gravidez de alto risco processa o médico por perder o bebê após demora no parto. O nascimento estava marcado para 27 de outubro de 2020. Um dia antes, sentindo muitas dores e percebendo que a movimentação do bebê estava diminuindo, procurou o hospital. Américo Lúcio, então, teria orientado que ela retornasse para casa, ficasse de repouso, e reagendou o parto para 9 de novembro, quando o bebê estaria com 42 semanas. Gestações que ultrapassam o período de 40 semanas têm mais chances de complicação.

Porém, no dia 7, se sentindo mal, a lavradora procurou novamente o hospital no final da manhã. O parto só foi feito 17h40. O bebê, no entanto, morreu em seguida.

O escritório de advocacia que representa a Secretaria Municipal de Saúde informou que não há denúncias contra o médico referentes a esses casos no órgão. Em um dos processos em que o escritório atua, o advogado Diêgo Vilela apontou que não há qualquer prova de erro por parte do médico Américo Lúcio Neto.

Grávida denuncia violência obstétrica de médico durante parto em Niquelândia — Foto: Reprodução/Instagram

Afastamento

No dia 24 de agosto deste ano, Américo foi afastado do Hospital Municipal de Niquelândia, onde trabalha desde 2016 como obstetra e ginecologista. Uma enfermeira de 31 anos denunciou em redes sociais que foi vítima de violência obstétrica por parte do profissional.

O filho dela, que nasceu prematuro, morreu depois do parto. A mulher disse ainda que o médico a atendeu de maneira muito ríspida, não deixando que o marido e a irmã dela a acompanhassem. Também relatou que foi ofendida pelo profissional, que teria dito frases como “eu não vou fazer parto de gorda”, “gorda não pode engravidar” e “essa criança já está é morta”.

O caso foi registrado na Polícia Civil. A defesa do médico nega problemas no atendimento. "A priori, o que ele nos passou é que ela chegou ao hospital e, por falta de outros profissionais, ela foi transferida para outro hospital. Ele inclusive a acompanhou na ambulância junto com uma enfermeira. Foi outra equipe que fez o parto", disse o advogado Luiz Gustavo Barreira Muglia.

Fonte - G1/Goiás

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