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POLÍCIA - Homem que ameaçou oficial de Justiça xingou PM de “policial de merda”

Em 2016, o homem que se apresenta nas redes sociais como advogado, foi preso pela Polícia Militar, após tentar dispensar uma munição

Reprodução/Facebook

Ameaças de morte, desacato contra policiais militares e uma prisão por porte de munição são três das ocorrências policiais registradas contra o homem flagrado intimidando um oficial de Justiça do Distrito Federal. Gustavo Bertoldo Monteiro (foto em destaque) já chegou, inclusive, a ser preso, por posse de munição. Ele foi filmado no último sábado (23/7), em uma cidade do Entorno, coagindo um servidor do Tribunal de Justiça do DF (TJDFT), após o oficial lhe entregar a intimação para uma audiência.

Apesar de que se apresentar nas redes sociais como advogado, o nome dele consta na página do Cadastro Nacional de Advogados como estagiário.

Em 2016, Gustavo foi preso por uma equipe da Polícia Militar, após tentar dispensar uma munição. Os militares perceberam que Bertoldo estava em situação suspeita e fizeram a abordagem. Logo em seguida, ele tentou se desfazer da munição, mas foi flagrado.

Após ser levado para a 33ª Delegacia de Polícia (Santa Maria), Bertoldo foi autuado mas pagou fiança de R$ 300 e foi liberado para responder ao processo em liberdade. Em outubro de 2018, o agressor voltou a ser levado para a unidade policial e acabou autuado por chamar uma equipe da PMDF de “policiais de merda”. O fato ocorreu após um acidente de trânsito sem vítima, na rodovia DF-290. Irritado, Bertoldo falou para o condutor da ocorrência que “ele não sabia controlar seus soldados”.

“Vou te matar”

Já em maio deste ano, o agressor ameaçou de morte um colega de trabalho de sua companheira. Apavorado, o homem registrou ocorrência policial para se resguardar. A vítima relatou à polícia que, por volta de 18h, ao sair da empresa, em seu veículo, foi seguido por um outro automóvel guiado por Gustavo Bertoldo.

Ao emparelhar o veículo, o agressor abaixou o vidro e gritou que o mataria. Assustado, o motorista acelerou o veículo e consegui despistar o ofensor. A vítima relatou que tudo começou quando passou a trabalhar na mesma empresa que a companheira de Gustavo. Houve trocas de mensagens entre a companheira de Bertoldo e o funcionário sobre trabalho, uma vez que a mulher treinou o jovem para desempenhar algumas funções no novo cargo.

No entanto, o agressor viu as mensagens e enviou um áudio para a vítima dizendo que “o levaria para uma região de cerrado para que houvesse uma conversa apenas entre os dois”. No dia seguinte, Bertoldo foi para frente da empresa esperar pela vítima e o perseguiu. Depois que a ocorrência foi registrada, o homem não teve mais notícias de Bertoldo.

Entenda o caso

Na manhã do último sábado (23/7) foi a vez de um oficial de Justiça do Distrito Federal sofrer ameaça de morte por parte de Gustavo Bertoldo. A coação ocorreu após o servidor intimar o homem como réu em um processo cível. O caso aconteceu em Valparaíso de Goiás, Entorno do DF.

Por questões de segurança, a vítima terá a identidade preservada. Ao Metrópoles ele contou que o réu tem uma oficina no bairro Céu Azul, na divisa entre Valparaíso e Santa Maria. “O processo é sobre um problema com a loja dele, que algum cliente colocou na Justiça por conta de um serviço”, detalhou o servidor.

Na última quarta-feira (20/7), o oficial de Justiça entrou em contato com o réu a fim de intimá-lo para uma audiência cível, mas o homem teria dito que não aceitaria a intimação via WhatsApp. Pediu, ainda, que a entrega fosse feita pessoalmente.

Situação ocorreu no sábado Reprodução/ Vídeo

“Então, fui à loja dele para entregar, e um funcionário disse que ele não estava. No sábado pela manhã, voltei lá e outro empregado falou que não tinha ninguém com aquele nome no local. Aí, mandei chamar o funcionário que falou comigo na primeira vez e o confrontei”, afirmou.

O profissional da Justiça do DF diz que pediu o documento do funcionário, mas o homem teria se negado a entregar. “Então, solicitei o apoio da Polícia Militar do DF, que foi lá. Mas, na loja, tinha um senhor que disse ser PM aposentado e ficou falando que eu não tinha autoridade para isso. Acabou que deixei a intimação lá na loja mesmo e fui embora para cumprir outros mandados no Entorno”, relatou.

No caminho, enquanto dirigia, a vítima percebeu que um Fiat Argo vermelho o seguia em alta velocidade. “Vi que estava forçando passagem e deixei passar. Mas, logo depois, ele começou a me fechar, e eu freei. Desci do carro, e ele começou a me ameaçar.”

Segundo o oficial de Justiça, o homem afirmou que pertencia a uma facção criminosa e o ameaçou de morte. “Ele falou: ‘Aqui em Goiás a situação é diferente. Quero ver você aparecer aqui novamente'”, disse.

Veja vídeo do momento:



“Ele queria que eu encostasse nele para justificar uma agressão, mas eu me mantive quieto. Senti muito medo, porque o rapaz é forte, maior do que eu. Posteriormente, eu fui atrás desses vídeos e soube por populares que ele ainda teria voltado numa moto amarela me procurando”, revelou.

“Nossa vida de oficial é isso, é na cara e na coragem. Sou oficial de Justiça há 12 anos e nunca fui ameaçado dessa forma.”

Depois de ser ameaçado, o oficial de Justiça registrou um boletim de ocorrência no Centro Integrado de Operações de Segurança (Ciops) de Céu Azul. “Eles falaram que a ocorrência iria para a delegacia, porque lá era só central de flagrantes, então, não chegaram a ir atrás para ver”, lamentou.

O Metrópoles procurou a Polícia Civil de Goiás (PCGO) para um posicionamento, que disse que a corporação “já adotou as diligências iniciais necessárias para a investigação”.

Repúdio à ameaça

Associação dos Oficiais de Justiça do DF (Aojus) divulgou uma nota de repúdio. Confira a íntegra:

“No exercício de sua função pública, o oficial de Justiça lotado em Santa Maria/DF tentava cumprir ordem de citação e intimação para audiência de conciliação e acabou vítima de ameaça e desacato por parte do destinatário do mandado, como mostra as gravações feitas por transeuntes.

A Aojus lamenta que oficiais de Justiça de todo o país estejam expostos aos mais variados tipos de riscos no desempenho de sua função como longa manus dos magistrados.

São inúmeros os casos de desrespeito, constrangimento e violência, com ameaça à segurança e à integridade dos servidores que possuem a nobre missão de dar efetividade às decisões judiciais.”

Procurado, o Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT) explicou que conta com o apoio da Polícia Militar para garantir a segurança dos oficiais de Justiça. Internamente, o TJ abre boletins de ocorrência e processos administrativos para informar problemas à Corregedoria e à Secretaria de Segurança Institucional. Sobre este caso ocorrido no sábado, a Corte informa que consultou o estado de saúde do oficial de Justiça e ele não cumprirá novos mandados na região onde sofreu a ameaça.

Fonte - Metrópoles
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