Foto - Arquivo de Família
Uma despedida simples, mas emocionante. Assim foi o sepultamento do líder político de Santa Maria, José Nogueira dos Santos, ocorrido no final da tarde dessa quinta-feira (23), no cemitério Campo da Esperança, em Brasília.
O velório começou as 15h e as 16h30min o corpo seguiu para o jazigo ao som de preces e muita comoção. Para a surpresa de quem ali estava, apenas alguns poucos amigos compareceram ao sepultamento, uma vez que Nogueira além de militante político era bastante conhecido, principalmente em Santa Maria, cidade que morava e que desempenhou por mais de 28 anos serviços comunitários, tendo vários de seus feitos reconhecidos pela comunidade.
Nogueira que recentemente se colocou como sendo pré-candidato ao governo de Brasília, recebeu a homenagem póstuma de apoiadores das cidades de Taguatinga e Guará, que compareceram na cerimônia fúnebre, fato vergonhoso para aqueles pseudos amigos de Santa Maria, que ao longo de mais de 25 anos, o chamavam de “amigo” e “companheiro de lutas”.
As ausências desses “companheiros de lutas comunitárias” foram sentidas e comentadas por algumas pessoas presentes no velório, diga-se de passagem, de Santa Maria, apenas o blogueiro Daniel Radar, o jornalista Celso Alonso e mais uma liderança local compareceram à cerimônia fúnebre, as demais lideranças que se diziam “amigos” sequer colocaram os pés no velório ou externaram condolências aos familiares, nem pelas redes sociais (com respeito àqueles que realmente não puderam comparecer, mas externaram suas tristezas em razão da morte do líder).
O estranho de tudo foi a ausência do presidente da associação que se diz representar os lideres comunitários de Brasília e do País. A ANALC, através Ilço Firmino, não fez qualquer comentário pelas redes sociais, não enviou nota de condolências aos familiares ou até mesmo compareceu na despedida daquela que foi uma das maiores lideranças políticas da cidade. Vergonhoso para uma pessoa que enche o peito e se intitula defensor e representante das lideranças! Todavia, acredita-se que se fosse para um café da manhã com distribuição de diplomas, com toda certeza essa, quanto muitas outras pessoas que se dizem “líderes em Santa Maria” ou se apresentam como “companheiros de lutas” e afins, estariam presentes aos montes e disputando espaço, mas, como a cerimônia era uma despedida de uma pessoa simples e que não tinha a presença de grandes autoridades, tampouco pose para fotografias, apenas parentes e amigos verdadeiros estiveram presentes.
Também houve a ausência tanto física quanto por representante ou por meio de nota, da deputada Jaqueline Silva, que se diz madrinha da cidade e que sopra aos quatro ventos ter “respeito e carinho” pelas lideranças locais. A ausência da parlamentar mostrou o seu desprezo pelas lideranças locais, bem como o seu real objetivo de “se aproximar apenas quando lhe for útil”. Mas, tanto as ausências de Ilço Firmino, quanto a de Jaqueline Silva mostraram que esses estão alheios objetivos comunitárias de Santa Maria quando esses não lhes convêm ou não lhes trazem algum benefício pessoal, caso contrário acontece semelhante ao que ocorrido no velório e sepultamento do líder Fonseca de Santa Maria, Dona Maria, Saracura, Pastor Heitor e vários outros lideres que se foram.
José Nogueira dos Santos, popularmente conhecido por “Nogueira de Santa Maria”, 71 anos, faleceu na madrugada dessa quarta-feira, vítima de infarto agudo do miocárdio, após realização de uma angioplastia. Ele foi levado as pressas ao Hospital Regional das Forças Armadas, onde após procedimentos, veio a óbito.
Casado e chefe de família, Nogueira era policial militar reformado e liderança política de destaque em Santa Maria desde a sua criação. Além dos vários feitos, tanto para a categoria militar, quanto para a cidade, foi ele o precursor da proposta de eleições diretas para administradores regionais no Distrito Federal, bandeira que carregou durante toda a sua vida política. Houve também várias decepções, entre as quais, quando viu seu projeto ser usurpado pelo então governador Rodrigo Rollemberg, que se auto intitulava criador da proposta. Na época ficou bastante chateado, mas convencido de que a população o reconhecia como sendo o precursor do Projeto de Lei.
Em Santa Maria, Nogueira foi diretor de cultura e um ferrenho defensor da autonomia política da cidade e muitas vezes, colocou o seu nome à disposição para ocupar o cargo majoritário da esfera administrativa local, é claro que em alguns momentos a empolgação tomou conta e acabou por fantasiar fatos que, politicamente seria impossível, sempre após ouvir a promessa de algumas autoridades que o prometiam indicação para ocupar o de administrador da cidade, mas na verdade era somente atos de politicagem. Sua empolgação tinha sentido, queria resolver os problemas de Santa Maria, os quais sempre dizia “serem simples de solucionar, faltando apenas vontade política e administrativa para resolve-los”.
Polêmico, Nogueira não era de meias palavras quando o assunto era reivindicação em prol, principalmente de Santa Maria, cidade que adotou como refúgio e apesar de não ser não bem avaliado nas urnas pela população local, tinha o conceito de que nunca deveria para de lutar pelos seus ideais. Seus discursos eram fortes, ferrenhos e muitas vezes chegavam a incomodar a quem eram direcionados, um dom que Deus lhe deu. Estava presente em todas as reuniões de lideres e sua fala era esperada, pois sempre tinha um pouco de veneno a ser destilado contra autoridades políticas do Distrito Federal.
“Não posso admitir que o povo fique à mercê dos serviços públicos que, diga-se de passagem, são bastante caros para esse mesmo povo, enquanto seus gestores ficam sentados brincando de fazer política” - José Nogueira
Foi candidato aos cargos de deputado federal e distrital e, apesar de não ter sucesso nos dois pleitos, aonde recebeu 80 votos para distrital e 200 votos para federal, além de se envolver em polémicas com blogueiros, jamais desistiu de participar da vida política que segundo ele, “após a família era o seu maior ideal”. “Não posso admitir que o povo fique à mercê dos serviços públicos que, diga-se de passagem, são bastante caros para esse mesmo povo, enquanto seus gestores ficam sentados brincando de fazer política”, disse em entrevista a um jornalista local.
Após ser convencido pelo saudoso líder comunitário Francisco de Assis Fonseca, falecido em 02/05, Nogueira lançou sua pré-candidatura ao governo de Brasília após entender que “faltava vontade política para solucionar os problemas enfrentados pelos milhares de brasilienses”. Ele estava percorrendo todo o DF e reunindo com lideranças no intuito de levar a sua proposta e convencer de que seu nome pudesse concorrer ao pleito. Era firme e otimista ao dizer aos quatro cantos que “seria o próximo governador de Brasília”, mas infelizmente a morte não o deixou lutar por mais este sonho.
Fica aqui nossa solidariedade aos familiares e amigos do nosso eterno líder político José Nogueira, que fez parte da história de Santa Maria, marcando ainda seu nome no cenário político do Distrito Federal.