O isolamento, consequência da pandemia da Covid-19, pode nos apresentar como dias muito difíceis e/ou abençoados, porque fomos obrigados a “voltar” para casa e “ficar” em casa. Se pensarmos como expiação coletiva, então devemos saber que o isolamento é o último recurso didático para nosso aprendizado. Portanto, é benção para compreendermos a nossa fragilidade. Assim sendo, devemos considerá-la como dias difíceis e abençoados.
Podemos nos questionar: qual a finalidade desse Instituto família, em nossas vidas? Qual é o nosso papel e qual é o papel da família na construção de uma sociedade que buscamos e nesse momento necessitamos buscar. Mais justa? Mais fraterna? Mais amorosa? Mais saudável?
Não estávamos dizendo que o nosso Planeta estava machucado? Que vínhamos destruindo-o? Que a nossa sociedade estava violenta, estressada, intolerante, cheia de ódio, que estávamos com raízes no consumismo, no individualismo? E agora? Estamos sendo solidários em família? Estamos dispostos a aprender novas atitudes? A lavar louça, a fazer compras, a cozinhar, a limpar a casa, a estender a roupa, a passar, independente do meu gênero, a conviver com aqueles que amo, a brincar com os filhos, a acompanhar sua instrução escolar?
Para responder esses questionamentos a primeira pergunta que precisamos fazer a cada um de nós é: Quem sou eu? O que estou sentindo? O que tenho feito para minha alma? Já perceberam como fomos nos distanciando de nós mesmos? Precisamos de ter coragem para olhar o “feio” que existe em nós. Então a pandemia nos parou e, fez com que nos olhássemos, nos questionássemos: como eu estou nesse contexto? Como minha família tem se portado? E de que família queremos falar? Porque os laços entre os seres humanos, são muito maiores que uma família de dois, três, quatro ou cinco pessoas. Onde convivemos? Com a família extensa? No trabalho? Com amigos? Na Casa Espírita?
A família é muito maior que a construção social, ela é espiritual! É uma Instituição Divina! Com Jesus aprendemos a olhar para frente, olhar como uma célula fundamental, formadora do todo.
Estar em casa, acompanhar o dia a dia de crianças é um momento mágico, para os pais que estão desenvolvendo esse papel com amor, aceitação e renúncia, mas para aqueles que estão insatisfeitos, vão se irritar mais e alguns chegarão à violência doméstica.
Estávamos vivendo na solidão, nossa maior companhia era os aparelhos tecnológicos, mesmo quando estávamos ao lado de quem mais amamos, havia um melancólico silêncio e uma família disfuncional. Agora há um chamado ensurdecedor para que olhemos nos olhos daqueles que convivem conosco.
Então o pedido é: sonhe com um mundo melhor, agradeça a oportunidade, reestruture a sua família , crie novos hábitos, faça junto as tarefas domésticas, coma junto com sua família, crie brincadeiras, leia poesias, ouça músicas, assista a filmes, ore junto, ouça mais seus filhos, discuta os problemas surgidos com um diálogo menos autoritário.
Construímos um lar, com o cimento da paciência, do perdão, do respeito, criando uma convivência onde possamos aprender a aperfeiçoar a intimidade emocional. Ver, conhecer o outro como ele é, e não como gostaríamos que ele fosse.
Se aqueles com quem convivemos, que conhecemos suas fragilidades, dificuldades, que podemos compreendê-las pelas suas vivências, histórias, não conseguimos amar, como queremos paz no mundo?
Kardec nos diz no capítulo 3, do livro Céu e Inferno, que “só a convivência é a pedra de toque das virtudes”. Só a convivência nos dá a real medida do quanto nós podemos melhorar.
Família e amigos, por exemplo, é um curso intensivo de convivência e caridade. Podemos perguntar: Que cuidados devemos ter com os conflitos e crises?
Quando eles chegam em nossas vidas é um pedido para olharmos para nossas dificuldades, nossos limites, porque é lá que está a nossa oportunidade de crescimento, de desenvolvimento . Ele nos assinala apenas que aquele jeito que funcionávamos não é mais possível de continuar, portanto, eles pedem mudanças. O enfrentamento de nós mesmos, no dia a dia, aprendendo a ficarmos menos reativos, agindo ao invés de reagir.
As crises precedem a cura. Assim sendo, o que estamos vivendo é uma forja e é necessário nos transformarmos. O quanto estamos dispostos a nos auto transformarmos?
Finalizando, citamos Neio Lúcio, psicografia de Chico Xavier, no livro Jesus no Lar, capítulo 1: “A paz que esperamos do mundo, começa em nosso próprio lar”.
Fonte - Correio de Santa Maria / *Terapeuta de Casal e Família
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