Instituição
é investigada pelo Ministério Publico por promover educação por meio da
moralidade, ética e princípios familiares a adolescentes.
Uma
matéria publicada por um site de grande acesso no DF, no domingo (17), deixou indignada
parte dos moradores de Santa Maria, bem como familiares e outros segmentos do
Distrito Federal e outras regiões do Brasil. A pauta dava conta de uma
investigação do Ministério Público na instituição conhecida como Vila das
Meninas, situada em Santa Maria.
De
acordo com a reportagem, a instituição cometera supostas irregularidades ao cercear
as meninas do mundo exterior, ao impor regras de convívio, entre as quais o uso
de uniformes, horário estipulado para estudo e divertimento e a proibição de acesso
a redes sociais, além do uso de maquiagens.
A
pauta escrita por duas jornalistas informa que cerca de 900 jovens de várias regiões
do Brasil, em especial, moças de famílias carentes vivem na instituição que é
financiada pela igreja católica e que essa não segue as “regras” impostas pelo
ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente.
As
jornalistas afirmam que as brincadeiras duram cerca de uma hora e que no resto
do dia, é preciso seguir uma rígida programação de estudo e trabalho para viver
ali. Até aí, nada de anormal para uma instituição que, segundo relatos das
adolescentes e seus familiares, ensina valores de ética, moralidade e
princípios familiares, além do estudo regular aos seus alunos. Mas, a pauta
insiste em tentar mostrar apenas o lado do MP em “tentar mudar as regras do
local”, dando liberdade de usufruírem de redes sociais, telefones, bem como
superficialidades corporais, tais como escolha de vestimentas e uso de
maquiagens.
De
acordo com ex-alunas da escola, a matéria tem cunho tendencioso e não informa a
realidade da rotina da instituição. “sou graduada da quarta geração da Vila das
Crianças, sendo muita grata às irmãs por tudo. Ensinamentos, carinho e
dedicação. Pelo que eu saiba todo lugar tem suas regras, ... em sua casa, no
seu serviço ...”, escreveu Rayane Gomes, ex-aluna da instituição.
Com
relação ao tempo que as meninas ficam na instituição, realmente elas sentem
saudades de casa, mas, é algo que toda pessoa sente aonde vá. “Saudades
sentimos para onde formos,... pra lá vamos estudar e temos um plano para nossas
vidas, pois os nossos pais não têm condições de nos oferecer uma educação de
qualidade, daí vamos atrás do nosso futuro é ser alguém na vida”, explicou.
Rayane
ainda fala da necessidade de viver sobre as regras da instituição, elogiando o
seu regimento. “Imagina se as Irmãs nos deixassem soltas. São 900 meninas na
responsabilidade delas. Será que alguém concorda com o mundo atual dos jovens?
Se é isso que o MP, junto com essa promotora quer isso não é o bem que nós
queremos”, completou.
De
acordo com a maioria esmagadora das pessoas que tiveram acesso à matéria, bem
como outras tantas que foram informadas sobre o assunto, todas sem exceção
discordam da ação do MP, bem como repudiaram a forma que foi redigida a matéria
pelas jornalistas ao tentar colocar a instituição e a sociedade em rota de
colisão.
De
acordo com o MP, muita coisa necessita ser ajustada na instituição, entre os
quais a adequação a normas contidas nos direitos da criança e adolescente. “Acreditamos
que a organização é híbrida e precisa ser regularizada junto ao Conselho dos
Direitos da Criança e do Adolescente e ao Conselho de Assistência Social. A
partir do momento em que ela tiver um registro, terá que passar por vistorias
frequentes com enfoque nos Direitos Humanos para verificar se há violação”,
disse a promotora Luisa De Marilac.
No
recurso, a promotoria aponta casos graves, como a impossibilidade do direito de
ir e vir das meninas, uma vez que tudo no local é controlado. “Elas não têm
privacidade, acesso aos meios de comunicação, permanecendo isoladas. Estamos
falando dos direitos das mulheres. Até mesmo os absorventes são controlados. A
quantidade de roupas que elas podem ter também é pré-definida”, ressaltou.
“Não
temos a proposta radical de fechar a instituição. O nosso objetivo é determinar
uma regularização paulatina. É preciso interromper as matrículas provenientes
de outros estados para que as crianças sejam atendidas em sua cidade de origem.
Para se ter uma ideia, mais de 90% dessas meninas são de cidades pequenas
do Norte e Nordeste. Elas perdem todo o contato com a família. O ideal é fazer
matrículas só do DF e Entorno. Reconhecemos a importância dessas instituições,
mas, nesse caso, contestamos a forma de fazer esse trabalho”, finalizou.
As
afirmações da promotora foi contestada com veemência, principalmente nos
comentários da matéria no site. Segundo Sheila Crescenti de Paiva, não entende
o questionamento do MP e sugere que esse apoie ao invés de questionar o
trabalho realizado pela instituição. “O Ministério Público questiona o quê em
relação à escola Vila das Meninas? Deveria era apoiar uma instituição que
abriga, educa e forma meninas de famílias carentes. Se não fosse assim, muitas
estariam provavelmente perdidas nas drogas, na prostituição, com filhos e
abandonadas”, disse.
Já
Grasielle Silveira Augusto, entende ser um completo absurdo o processo aberto
pelo MP. “Muito provavelmente essas meninas que vivem nessa instituição tem uma
educação irretocável, privilegiada eu diria. Sorte das meninas e dos pais que
conseguem uma vaga para elas na vila das crianças, pois estas se tornarão
mulheres responsáveis, com uma profissão. Fora de lá essas meninas, muitas
vezes de baixa renda, por conta da necessidade de seus pais trabalharem e a
deixarem sozinhas boa parte do tempo, poderiam se perder com tanta oportunidade
de coisas ruins q existem na rua ou até dentro de casa por meio de seus
celulares ou computadores através da internet. Poderiam engravidar ainda
adolescente ou se envolveram com drogas ilícitas, criminalidade, etc. Essa tal
liberdade que estão exigindo que essas meninas tenham, pode não ser tão
benéfica se não souberem usá-la. Na minha opinião uma certa rigidez na educação
é capaz de formar um caráter firme e admirável”, finalizou.
Fonte - Agência Satélite
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