Na
manhã dessa terça-feira (11), pacientes do HRSAM promoveram uma manifestação
devido à falta de medicamentos e pessoal em vários setores do hospital.
A
forma encontrada para o protesto, segundo os pacientes, foi pendurar lençóis brancos
na fachada do prédio chamando a atenção de quem transita pelas proximidades
daquela unidade hospitalar e mostrar a indignação de quem necessita do serviço público
na cidade.
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Eurides José preparado para a cirurgia que não aconteceu na sexta-feira (6) |
O
paciente Eurides José, internado na ortopedia, explicou as razões do protesto. “Estamos
mobilizados em apoio aos funcionários da limpeza, vigilantes e aos pacientes
que estão internados, sem proteção e sendo maltratados dentro do hospital”,
explicou.
De
acordo com o paciente que está internado há aproximadamente 50 dias na
ortopedia, no seu caso específico, a cirurgia já foi cancelada e remarcada por três
vezes, sendo que a última estava marcada para a sexta-feira (6) e foi cancelada
em cima da hora. A justificativa para o último cancelamento se deu devido à
falta de servidores. “Eles explicaram que só havia duas pessoas na equipe e que
para tal procedimento seriam necessários no mínimo o dobro”. O paciente também
relatou que após o cancelamento do procedimento, não houve qualquer anuncio de
quanto à cirurgia seria remarcada.
As
denúncias em relação ao hospital de Santa Maria vão desde a falta de
medicamentos, servidores e condições na estrutura até omissão no atendimento. “Hoje,
por exemplo, amanhecemos com a notícia de que os vigilantes entraram em greve e
assim, a segurança do hospital ficou comprometida. Não tinha ninguém da vigilância
nas portarias e corredores, fizemos o teste e não fomos barrados por ninguém”,
explicou outro paciente que preferiu não se identificar.
Vigilantes em greve no Hospital de Santa Maria |
Diante
da greve dos funcionários da vigilância, os pacientes explicam que muitos
acompanhantes estão sem autorização para entrar no hospital, deixando aqueles
que necessitam de acompanhamento permanente sem qualquer auxílio.
A
situação no hospital de Santa Maria está cada vez mais preocupante, pois, até
mesmo o banho dos pacientes e acompanhantes está sendo feito com água gelada,
devido, segundo os próprios pacientes, terem ouvido de servidores que “o
aquecedor está com defeito há vários dias e sem previsão de conserto”.
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Cadeira de banho totalmente enferrujada |
Outro
fato que chama a atenção é devido à maioria mobiliário do hospital está
quebrado. “São mesas, cadeiras de rodas, macas, colchões, suporte de soro e
tantos outros que não tem as mínimas condições de uso e mesmo assim não são
retirados e estão colocando em risco a vida dos pacientes, que não está lá
muito boa. Até uma cadeira de rodas que é usada para o banho de pacientes da
ortopedia está sem rodas. O que nos intriga é que o depósito do hospital está
repleto de móveis e utensílios novos e a direção não os disponibilizam ao
pacientes”, disse o líder comunitário Domingos Arruda de Sá.
Por
volta das 13h, à direção do hospital solicitou apoio dos vigilantes das empresas
Brasília Segurança e Ipanema, que já estavam “parados” para por fim ao protesto
dos pacientes.
Segundo
Eurides José, parte dos vigilantes apareceu no setor e retirou os lençóis que
estavam pendurados, informando que estavam seguindo determinação da direção daquela
unidade de saúde. O paciente informou à equipe da direção que eles iriam fazer
novo protesto caso o atendimento não fosse normalizado e a direção em contra
partida, solicitou reforço, dispondo de alguns vigilantes para ficarem somente
naquele setor “vigiando os pacientes”.
Para
demonstrar a crise no sistema de saúde da cidade, com a greve dos vigilantes os
dois postos de saúde, bem como bem como os seis Postos de Saúde da Família ficaram
fechados nessa terça-feira (11).
De
acordo com o diretor do sindicado dos vigilantes do DF, Florismar Araújo, a
justificativa para a paralização se deu devido a não realização do pagamento por
parte do GDF às empresas de vigilância. Ainda segundo o presidente, o pagamento
deveria ter sido feito até o quinto dia útil e até o presente momento, não foi
creditado. “A greve só vai ser encerrada quando o dinheiro estiver na conta,
pois todos os meses é a mesma coisa, o pagamento sempre atrasa”, disse o diretor.
Para
o Conselho de Saúde de Santa Maria, o problema da saúde na cidade se dá devido à
falta de gestão, tendo em vista que a maior necessidade é de pessoal (médicos),
medicamento e insumos. “Existem situações de que pacientes estão “fugindo” do
hospital, pois não há perspectiva de atendimento. Tem casos em que o paciente
está internado há vários meses sem previsão de início do tratamento. Assim, o
mesmo se evade do hospital, pois não aguenta ficar internado sem previsão
alguma de tratamento”, relatou um membro do conselho.
Segundo
Domingos Arruda, o hospital da cidade não tem outra finalidade a não ser servir
de cabide de emprego. “Apesar de ter uma estrutura física de primeiro mundo,
não tem condições nenhuma de prestar atendimento à população e está servido apenas
de cabide de empregos a apadrinhados políticos do governo”, disse em tom de
revolta.
Procurada
para falar sobre o assunto, a direção do hospital não quis se pronunciar e apenas
informou por parte de um assessor, que a situação estava controlada e não
haveria motivos para alarde, tendo em vista que os atendimentos estavam
regulares.
Com
relação às cirurgias canceladas e mobiliários estragados e a greve dos
funcionários da vigilância, o assessor não quis comentar o assuntos dizendo que
não tinha autorização para falar sobre o assunto.
Confira o vídeo feito por uma liderança sobre a greve da vigilância do Hospital de Santa Maria:
Confira algumas fotos do caos no Hospital de Santa Maria:
Fonte - Agência Satélite
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