Guilherme Teixeira respondia por participação
em um homicídio e três tentativas, ocorridos em março de 2014 e aguardava o
julgamento preso há aproximadamente três meses.
Por unanimidade, o Tribunal do Júri de Santa
Maria absolveu o filho do empresário Eudes Teixeira, o também empresário
Guilherme Diogo Damaso Teixeira do crime de coautoria em um homicídio e três
tentativas, ocorridos em 20 de março de 2014. O resultado do julgamento saiu no
começo da noite de quinta-feira (19/05).
Na audiência realizada no auditório do tribunal
do júri, também foi julgado Walber Pinho Ramos, popularmente conhecido por “Bolinha”, acusado de ser o autor dos
disparos contra as quatro vítimas. Ele foi condenado há mais de 19 anos de
prisão pela autoria de
quatro homicídios dolosos duplamente qualificados, tendo uma das vítimas
falecido. A promotoria pública que representa a acusação, nada informou
sobre o resultado do julgamento ou se vai recorrer da decisão.
Para a defesa de Guilherme Teixeira, o
resultado do júri foi a certeza da inocência do seu cliente. Segundo o advogado
Délcio Gomes de Almeida, não haviam sequer indícios que pudessem incriminar o
seu cliente e o resultado de 7 a 0, concretizou a certeza da defesa. “Tínhamos a convicção do resultado, pois não
existiam quaisquer indícios que pudessem associar o meu cliente ao crime como
queria a acusação. A certeza veio com o resultado do júri”, enfatizou.
Os assentos reservados para os convidados foram
todos ocupados por parentes e amigos de Guilherme. Muitos de deles vieram de
outros estados para acompanhar o julgamento e comemoraram muito a decisão
proferida pelo juiz Germano Oliveira Henrique de
Holanda, que presidiu o júri.
Outra parte, aproximadamente dez pessoas faziam parte do outro réu no mesmo
processo.
O empresário Eudes Teixeira era um dos mais
ansiosos pelo fim do julgamento. Apesar de tentar demonstrar tranquilidade, era
visível a sua preocupação, ansiedade e ao mesmo tempo, tristeza em ter que
presenciar o seu filho “sentado no banco
dos réus, acusado de um crime que não teve qualquer participação”. “Só quem é pai sabe o que eu sentia naquele
momento. Agora sim, estou aliviado, pois tinha medo de que o meu filho fosse
injustiçado e pagasse por algo que não teve participação, mas, Deus é tão
grandioso que proporcionou a realização da justiça e o Guilherme foi absolvido”,
desabafou.
Um dos principais motivos que levaram a
absolvição de Guilherme foi o fato de que as testemunhas arroladas pela
acusação, nada informaram quanto ao suposto envolvimento de Guilherme no crime,
o que convenceu os jurados quanto a inocência do acusado.
Da acusação
De acordo com o Ministério Público, Guilherme
Teixeira teria participado do crime, conduzindo o atirador dos disparos ao
local do crime e em seguida proporcionada fuga ao mesmo. O crime aconteceu por
volta de 12h30min do dia 20 de março de 2014, na QR 117, conjunto I, em frente
ao lote 14 (via pública), em Santa Maria. As vítimas foram encaminhadas ao
hospital da cidade, sendo que José
Robson de Carvalho da Silva, vulgo “Robinho”, faleceu ao dar entrada
naquela unidade de saúde.
Por possuir relacionamento de amizade com o
suposto autor, uma vez que se conheceram ainda na infância e cresceram na mesma
quadra, entre outras razões apontadas pela acusação, Guilherme foi indiciado e
teve a sua prisão decretada em meados de fevereiro deste ano. Tão logo ficou
sabendo da decisão por sua prisão preventiva, ele foi instruído por seus
familiares a se apresentar espontaneamente às autoridades e aguardar o
julgamento. A partir de então começou uma batalha entre os familiares e o
judiciário quanto à prisão, que segundo eles, “foi arbitrária”, por não haver qualquer motivo que justificasse
tal ato, uma vez que, Guilherme, por possuir conduta moral ilibada, sem
antecedentes criminais, possuía residência fixa e era empresário reconhecido na
cidade. Eudes disse à reportagem que chegou até receber voz de prisão por “peitar” o judiciário cobrando
explicações pelo ato. “Nesses últimos
três meses eu fiquei mais aqui no fórum do que em casa cobrando explicações do
porquê da prisão do meu filho e em uma das vezes, um promotor chegou a me dar
voz de prisão, mas, eu não me curvei e fui para cima cobrando posicionamento”,
disse o empresário.
O primeiro momento do julgamento foi marcado
pelo depoimento da acusação e da defesa de Walber, acusado pela autoria dos
disparos. A estratégia adotada pela defesa de Guilherme foi a de aproveitar o
testemunho da acusação, bem como dos demais ouvidos e mostrar para os jurados a
ausência de Guilherme na cena do crime. Uma das principais peças foi o
depoimento prestado pela própria acusação, que em momento algum colocou o
Guilherme na cena do crime. Deu certo!
Os acusados também foram ouvidos e negaram
participação no crime. Guilherme foi enfático em afirmar que não tinha motivos
para participar do ato. “Sou comerciante,
tenho uma boa renda financeira e educação familiar, bem como não conhecia nem
de vista as vítimas. Portanto, não haveria motivos para que eu participasse
desse crime. Fiquei sabendo desse crime, tempos depois”, afirmou em
depoimento.
No segundo momento o clima esquentou. Embate
entre a defesa dos réus e o MP que insistentemente pedia a condenação dos réus
por pouco não tomou outros rumos. O embate durou mais de 3 horas e houve
momentos de desentendimento entre as partes, tendo inclusive a intervenção do
juiz do caso para acalmar os ânimos. Ao final do desgastante dia de julgamento,
veio o resultado da absolvição de Guilherme. O empresário acompanhou a leitura
da sentença do juiz de cabeça baixa e algemado com as mãos para trás. Ao ouvir
o resultado final, foi possível ver as lágrimas de emoção escorrendo pelo rosto
de Guilherme Teixeira, que ainda teve que retornar sob escolta ao presídio da
Papuda para ser liberado em seguida, por volta das 23h.
Eudes informou à equipe de reportagem que vai
acionar os meios legais e cobrar do estado os danos causados pela acusação indevida
e prisão do filho, que ficou encarcerado por aproximadamente 90 dias. “O que fizeram foi um ato de extrema
covardia com um ser humano, pois prenderam uma pessoa sem qualquer motivação e
provas quanto a autoria de um crime. Isso mexeu psicológico tanto de Guilherme
quanto o da família. Não vamos descansar até que os danos causados, principalmente
ao Guilherme sejam reparados”, finalizou.
Fonte - Agência Satélite
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