Falta vontade política para resolver a
regularização fundiária da Região Administrativa de Santa Maria. Enquanto isso,
fica travado o desenvolvimento, crescimento e organização da cidade, tais como
a oferta correta de diversos serviços públicos.
Por: Vital Furtado
A maior parte das glebas irregulares no
Distrito Federal, foi criada através de loteamentos clandestinos em terras
públicas, fazendo surgirem quadras, setores e até regiões administrativas.
Não diferente das demais regiões
administrativas, Santa Maria, continuam preocupando aqueles que realmente
querem investir, mas, assim como a cidade, estão engessados à espera da tão
sonhada regularização fundiária que além de se arrastar por mais de 25 anos,
até a presente data não passa de um sonho. Enquanto isso, corre a céu aberto, a
vista de todos, a especulação imobiliária, que infelizmente continua sendo
praticada por pessoas que sem o menor escrúpulo promovem o comércio de terras
ilegais dentro da cidade, a ocupação através de invasões de terras tanto em
áreas residenciais quanto em áreas destinadas aos programa Sustentáveis, cujas
ações criminosas causaram a criação de comércios informais, em que esses
ocupantes ( supostos donos) permanecem em situação irregular, por não terem a
titularidade do terreno onde gastaram o que não tinham empreendendo seu ramo de
negócio, inclusive, muitos também não são proprietários legais dos lotes onde
habitam por não possuírem a inscrição do imóvel.
Por décadas, pessoas de boa índole tentam
resolver o problema junto às autoridades, apresentando medidas para resolverem
de uma vez por todas a questão fundiária da cidade, porém, sabedoras de que não
há vontade política para que essa regularização aconteça, até porque já se
passaram sete (7) governadores (estamos no oitavo), vinte e cinco (25)
administradores e seis legislaturas, e é imprescindível tal aprovação na Câmara
Distrital do DF, cujos parlamentares, desde a primeira legislatura até a
presente data, inclusive os onze (11) presidentes que já passaram pela casa, só
tratam do assunto através de reuniões eleitoreiras durante a campanha, e,
prometendo que após a eleição irão resolver o problema, porém, eleitos, a
promessa cai no Esquecimento.
O GDF por sua vez, joga o problema para a
Terracap (dona da terra), e esta, joga a peteca para cima da Justiça alegando
que espera parecer jurídico sobre o assunto. Como se não bastasse, a população
interessada na regularização para que a cidade possa crescer de forma ordenada,
organizada e com direito a diversas modalidades de serviços públicos, agora
enfrenta outro problema: OS QUILOMBOLAS que caíram de paraquedas na cidade, e
sem nenhuma declaração de posse ou reconhecimento emitida pela Fundação
Palmares, se intitulam donos de glebas em Santa Maria, mas, o objetivo de tanta
ganância também é conhecido como especulação. Como diz o adágio popular “Para
um bom entendedor um pingo é uma letra”, muitos sabem que basta averiguar e
analisar sistematicamente os instrumentos legais de regularização de fundiária
a partir de normas de direito urbanístico, ambiental, civil e constitucional;
entender os aspectos sociais, ambientais, econômicos e políticos envolvidos
nesse processo; entender como o processo de regularização fundiária no DF
deverá ocorrer baseando-se no entendimento do Supremo Tribunal Federal em
relação à Constituição Federal e na aplicação de legislação infraconstitucional
específica; contribuir para a conscientização de que a questão fundiária tem um
cunho social importante por garantir o direito social de moradia e buscar um
crescimento ordenado das cidades.
Baseado nesse princípio, será observado que o
direito social de moradia e empreendimento está travando a região
Administrativa de Santa Maria e outras cidades do Distrito Federal, “a falta de
eficiência do Poder Público na criação de núcleos habitacionais e programas de
Sustentabilidade Econômica”, permitiu a ocasião para a criação de tanta
informalidade e irregularidade.
Muito se tem explicado que o problema
envolvendo terras, é bem diferente de qualquer outro segmento, a saber: Um pai
insatisfeito com determinada escola, tira o seu filho de tal estabelecimento e
o matricula em outra melhor. Na saúde, a mesma coisa. Se o paciente e mal
atendido em determinado hospital, recorre a um posto de saúde pronto
atendimento ou 24 horas, sendo que existem várias opções. Já em se tratando de
ocupação de terras “irregular”, só existe um desfecho final com uma única
opção: A Bruna pinheiro chega com a pá mecânica e anuncia: Sai de dentro que eu
vou derrubar tua casa ou a tua loja. E derruba mesmo, inclusive desrespeitando
decisão judicial. Além disso, os ocupantes destes assentamentos ou comércios
irregulares e informais, além de lhes faltarem obras públicas de saneamento
básico, equipamentos públicos e demais estruturas presentes na cidade formal,
vivem numa situação de insegurança jurídica, pois, como simples possuidores de
gleba irregular, não possuem domínio do lote onde habitam, por não possuírem
título de propriedade ou outro título hábil. Trata-se do direito social de
moradia e da aplicação do princípio da dignidade da pessoa humana, contidos na
Constituição Federal de 1988. Deve, pois, a legislação infraconstitucional
desenvolver mecanismos de aplicação destas premissas, já que a Lei Orgânica do
Distrito Federal, assim como a Lei Complementar n. 803/ 2009, que institui o
Plano Diretor de Ordenamento Territorial (PDOT/09), têm como objetivo
regularizar parte dos assentamentos informais existentes. Por ocupação do solo
ou assentamento urbano entende-se o processo pelo qual as pessoas se distribuem
e se acomodam num determinado território. Esta ocupação poderá ser ordenada,
quando prevista por um Plano Diretor ou legislação correlata, que venha a
estabelecer as diretrizes em que esta ocupação se dará.
Portanto, derrubar “invasores” não põe fim ao
problema, só acaba por transferir um problema de um lugar a outro; ao invés
fugir de suas próprias responsabilidades, cabe ao Estado, com o apoio de toda
sociedade, buscar soluções dignas de serem aceitas para que saia do papel a
novela da regularização fundiária de Santa Maria, que se arrasta por mais de 25
anos. Só assim será possível, ainda que com dificuldades, chegar mais perto do
sonho de construir uma cidade bem planejada, bem distribuída, ordenada com alto
índice de conforto urbanístico e com qualidade de vida.
Por Vital Furtado
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