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Padres e fiscais batem boca antes de derrubada de capela em área invadida

Vídeo mostra momento em que religiosos discutem com servidores do DF. Desde segunda, Agefis derruba residências no Sol Nascente, em Ceilândia.


A capela de uma igreja católica ortodoxa foi derrubada nesta quarta-feira (2) por servidores da Agência de Fiscalização do Distrito Federal (Agefis) na região do Sol Nascente, em Ceilândia, noDistrito Federal. A ação provocou um bate-boca entre padres e fiscais da Agefis, que foi encerrado com a intervenção de um policial militar (veja vídeo).

De acordo com o padre Emanuel Cardoso, de 26 anos, a capela existia há pelo menos um ano no Sol Nascente. A área é invadida. Desde a semana passada, a Agefis derruba imóveis construídos irregularmente na região. Na sexta-feira, houve confronto entre moradores e policiais.

"A igreja existe desde outubro de 2014. Não sabíamos que era uma área irregular quando construímos. Logo depois, o governador Rodrigo Rollemberg passou de casa em casa dizendo que iria legalizar tudo. Só no Sol Nascente ele ganhou mais de mil votos", afirmou Cardoso.

O padre disse que o bate-boca ocorreu porque os religiosos queriam colocar a placa de identificação do templo dentro da capela, mas estavam sendo impedidos pelos servidores do GDF.

Sequência mostra padres em frente a capela e ação da Agefis que derrubou a construção no Sol Nascente (Foto: Jéssica Nacimento/G1)

"Nós queríamos filmar o governo destruindo tudo, inclusive a casa de Deus. O servidor da Agefis não quis permitir. Entretanto, conseguimos colocar a placa dentro da capela e toda a filmagem vai ser publicada nas redes sociais. Queremos mostrar para a população o que o [governador Rodrigo] Rollemberg faz conosco", afirmou.

A igreja existe desde outubro de 2014. Não sabíamos que era uma área irregular quando construímos. Logo depois, o governador Rodrigo Rollemberg passou de casa em casa dizendo que iria legalizar tudo. Só no Sol Nascente ele ganhou mais de mil votos"
Padre Emanuel Cardoso

Segundo o padre, a igreja recebia cerca de 20 fiéis todos os domingos e não foi notificada sobre a derrubada. Ele disse que a ação dos fiscais foi "violenta". "O que estão fazendo não é humano. Crianças foram agredidas por policiais. É muita falta de respeito com a população."

Procurada pelo G1, a Agefis informou que o objetivo da ação de derrubada no Sol Nascente, na Ceilândia, é retirar todas as edificações presentes na quadra 105, do trecho 2, aonde serão instaladas obras de drenagem pavimentação e um programa habitacional, chamado Pró-Moradia II.

"Todas as edificações demolidas nos dias de operação, são recentes e já passaram por vistoria da Agefis e das equipes sociais, que acompanham os auditores a todo o momento", explicou por nota.

Detenção
Nesta terça, duas pessoas foram detidas durante derrubada na quadra 105 no Sol Nascente. Os dois detidos estavam com um estilinge que era usado para jogar bolinhas de gude nos policiais e rojões disparados contra os servidores.

Mais cedo, um grupo de 60 moradores tentou impedir a entrada dos fiscais na área a ser desocupada ateando fogo a pneus na via Vicinal 311, informou a PM. Com a desocupação em andamento, moradores tentavam salvar portas, janelas e telhados antes de ter as casas derrubadas.

Perfil
Estudo feito por amostragem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística aponta que, em 2010, a região tinha 56,5 mil moradores. Na época, o Sol Nascente estava abaixo somente da favela da Rocinha, no Rio de Janeiro, em número de habitantes.

Moradores ateiam fogo a pneus e protestam contra derrubada de residências no Sol Nascente (Foto: Polícia Militar/Divulgação)

Dados da administração regional baseados em pesquisa realizada pela Codeplan em 2013 apontam que o Sol Nascente junto com o Pôr do Sol, também em Ceilândia, tinham somados 78.912 moradores. No entanto, líderes comunitários afirmam que atualmente o setor habitacional é ocupado por mais de 110 mil pessoas.

A região tem um projeto urbanístico dividido em três trechos, que juntos somam 940 hectares (cerca de 940 campos de futebol). A área apresenta problemas de saneamento básico, acúmulo de lixo, buracos nas ruas, barracos em condições precárias e altos índices de criminalidade.

Atualmente, a região é comandada por gangues e grileiros que tentam impor regras aos moradores e fazem ocupações irregulares para depois vender as terras invadidas.

Fonte - G1/Distrito Federal

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