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GDF promete solucionar problemas dos alagamentos, mas só em duas regiões

Governo repagina plano antigo que só abrange Asa Norte e Taguatinga

Jéssica Antunes
jessica.antunes@jornaldebrasilia.com.br 

Foram necessários apenas 40 minutos de chuva no último sábado para que o Distrito Federal ficasse embaixo d'água e os estragos começassem a ser vistos. Dois dias depois, os rastros de destruição ainda estavam por toda parte e o feriado foi usado para recuperar o tempo perdido. Agora, o Governo de Brasília promete iniciar um projeto de drenagem, mas não envolve as áreas afetadas.

De acordo com o GDF, a Secretaria de Infraestrutura e Serviços Públicos (Sinesp) e a Novacap planejam iniciar, nas próximas semanas, o Programa Drenar DF, que substitui Águas do DF, prometido no governo passado. O objetivo seria “dar uma solução definitiva aos problemas dos alagamentos”, mas apenas na Asa Norte e em Taguatinga.

Números do Sistema Integrado de Gestão Governamental do DF (Siggo) revelam que, dos R$ 13,2 milhões autorizados para obras do sistema de drenagem no início do ano, o governo cancelou a destinação de R$ 11 milhões, restando R$ 2,2 milhões. No entanto, até o último dia 17, nada havia sido executado. A consequência pode ser vista nas ruas.

Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), a chuva atingiu 95% do DF e os ventos chegaram a 36 km/h. Foi o suficiente para derrubar pelo menos uma árvore, na Quadra 4 do Park Way. O Corpo de Bombeiros foi acionado para remover os galhos do telhado de uma casa, mas ninguém ficou ferido. Para os próximos dias, a expectativa é de que chova em áreas isoladas, assim como ontem, mas nada tão intenso quanto o registrado no fim de semana. 

Subsecretário da Defesa Civil, o coronel Sérgio Bezerra explicou que os acidentes são uma relação de ameaças e vulnerabilidades: “As ameaças são as chuvas intensas e as vulnerabilidades, as construções inadequadas. Se caísse a mesma chuva de Vicente Pires em um lugar regular ou menos habitado, haveria menos problemas, pois as vulnerabilidades são menores”.

Assim, ele crê que é possível haver estragos nas 4.960 residências em áreas de risco identificadas, como o JBr. mostrou ontem. “Trabalhamos para que esses danos sejam apenas materiais”, ressalta. 

Estragos por toda parte

Chuva também provocou estragos em Sobradinho. Mas a região, assim como a maior parte da capital, não será contemplada com o plano de drenagem das águas. A Novacap faz reparos emergenciais para minimizar os transtornos à população.

Cena repetida nas ruas de Vicente Pires

Vicente Pires, mais uma vez, sofreu as consequências da falta de sistema de captação pluvial. Mesmo com a autorização de obras na Gleba 3, os moradores reclamam que a parte que mais sofre com as chuvas não viu máquinas de prevenção. No entanto, a Novacap esteve por lá para remover o excesso de terra no asfalto. 

Vicente Pires é uma das áreas de risco identificadas pela Defesa Civil e acumula três regiões perigosas com 250 residências em local impróprio. No sábado, o muro de duas casas caiu e o de uma está condenado na Rua 3. 

Nem uma barreira de mais de um metro de altura conseguiu impedir que a forte correnteza, vinda das ruas superiores, se transformasse em uma tromba d'água, que levou parte do asfalto e fez com que um contêiner parecesse um papelão sendo arrastado. A empreendedora individual Neuza Maria, 54 anos, gravou um vídeo da situação. "Toda chuva é a mesma coisa. Obras, o governo só faz quando chove", reclamou. Os moradores passaram o fim de semana ajudando a tirar a lama e os móveis da casa do cirurgião dentista Ernane Carneiro, 54, na Chácara 41. 

O térreo foi atingido em cheio pela enxurrada que derrubou o muro. Felizmente, ninguém estava por lá. "A água passou de um metro e meio de altura. Já tiramos quatro contêineres cheios de lama e terra. Perdemos eletrodomésticos, sofá", contou o proprietário.

Prejuízos para moradores

"Moro aqui (em Vicente Pires) há 14 anos e cada vez fica pior. Já perdi as esperanças. Minha vontade é vender a casa", confessou o aposentado Geraldo Magela de Araújo, 57 anos. Ele reclama do abandono da região que está em processo de regularização. “Neste ano, já gastei mais de R$ 1,2 mil com o carro, que vive com problemas por causa da chuva”, contou. 

Para Geraldo, não há segredo para acabar com o problema: “O único jeito é investir em águas pluviais, mas o governo começou as obras de urbanização pelo lugar errado. As ruas 3 e 10 são as mais críticas”. 

A Novacap lembra que a região não tem sistema de drenagem de águas pluviais e, somente com isso, os problemas de alagamentos devem ser resolvidos. Por causa dos estragos, a autarquia deslocou maquinários em caráter emergencial para retirar o material acumulado no asfalto. Enquanto não houver prazo para resolver nas áreas mais afetadas, as obras seguem em andamento na área do Jockey Clube. 

Em outro ponto do DF, ao entrar na marginal da BR-020, no trecho que dá acesso à Sobradinho I, a curva ainda estava enlameada na manhã de ontem e com a tampa da boca de lobo quebrada. Embaixo do viaduto, onde veículos atravessam a todo instante, parte da estrutura de concreto que reveste a lateral, chamado de talude, cedeu. Segundo o subsecretário de Defesa Civil, Sérgio Bezerra, a obra não foi comprometida. 

No local, três casas foram interditadas após as estruturas serem afetadas pela chuva, assim como na Colônia Agrícola Sucupira, no Riacho Fundo I, setor apontado no levantamento de áreas de risco. 

A Subsecretaria de Defesa Civil, da Secretaria da Segurança Pública e da Paz Social identificou 14 moradias afetadas nas três regiões. Apenas duas não foram notificadas porque os moradores não teriam permitido o acesso dos agentes. 

O GDF informou que a única obra na região do Riacho Fundo I é um complemento no Parque Vivencial. Mas o governo lembra que as interdições ocorreram em área irregular. 

Saiba mais

Considerada uma atividade essencial para a prevenção de alagamentos na cidade, a limpeza das bocas de lobo ainda não chegou a toda a região. 

Os trabalhos de prevenção já ocorreram no Setor Comercial Sul, no Setor de Autarquias Sul, nas asas Sul e Norte, próximo ao Hospital Regional de Taguatinga, no Córrego da Coruja, em Ceilândia, nas proximidades de escolas e na Estrada Parque Indústria e Abastecimento (Epia).

O maior volume recolhido, de acordo com a Novacap, foi de terra e folhas de árvore.

É possível solicitar a limpeza de bocas de lobo pelo Disque Novacap (3403-2626) ou diretamente nas administrações regionais. Demandas prioritárias são atendidas primeiro.


Fonte: Da redação do Jornal de Brasília

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