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Dois são presos durante derrubada de casas no Sol Nascente, no DF

Eles disparavam rojões e jogavam bolas de gude com estilingue em PMs. Mais cedo, grupo de moradores ateou fogo em pneus em acesso ao bairro.

Jéssica NascimentoDo G1 DF

Moradores ateiam fogo a pneus e protestam contra derrubada de residências no Sol Nascente (Foto: Polícia Militar/Divulgação)

Duas pessoas foram presas nesta terça-feira (1º) durante derrubada de casas em área irregular na quadra 105 no Sol Nascente, em Ceilândia. A desocupação é feita por servidores da Agência de Fiscalização do Distrito Federal (Agefis) com o apoio de 150 policiais da Tropa de Choque da Polícia Militar.

Os dois presos estavam com um estilinge que era usado para jogar bolinhas de gude nos policiais e rojões disparados contra os servidores. Mais cedo, um grupo de 60 moradores tentou impedir a entrada dos fiscais na área a ser desocupada ateando fogo a pneus na via Vicinal 311, informou a PM. Com a desocupação em andamento, moradores tentavam salvar portas, janelas e telhados antes de ter as casas derrubadas.

A dona de casa Cristina Nascimento, de 41 anos, disse que trocou uma caminhonete S10 pela residência onde morava havia cinco anos. "Eu não sabia que era uma área irregular. Saí do aluguel pra morar aqui. Tenho duas crianças. Estou muito chateada e revoltada. O governo não se preocupa com os pobres. Agora vou morar em casa de amigos por um tempo."

A residência da dona de casa Maria das Graças, de 37 anos, foi derrubada no primeiro dia de operação. Desde então, ela não tem aonde morar. Segundo ela, as três pessoas da família que moravam com ela estão desempregadas. Agora, ela sobrevive de doações de amigos.
Área com residências demolidas no Sol Nascente nesta terça-feira (Foto: Jéssica Nacimento/G1)

"Não tenho teto, estou pulando na casa de amigos todos os dias. Espero que o GDF nos dê pelo menos um auxílio-aluguel. Já chorei muito com pena das crianças que têm que assistir essa cena cruel e lamentável. Estamos com necessidades de ajuda, de cestas básicas. Não sabemos o que fazer."

O churrasqueiro José Lopes, de 29 anos, morava no Sol Nascente com um cachorro, chamado de Spike, e um gato, que acabou fugindo durante a operação do GDF. Ele conta que não tem família em Brasília e não tem onde morar.

"Prendi o Spike pra ele não fugir. Ele é a minha única família. Deus vai nos ajudar, tenho certeza disso. Agora vou trabalhar em dobro para conseguir uma nova casinha para a gente. Acho uma injustiça o que estão fazendo com os pobres."

Fiscais da Agefis informaram que devem fazer um balanço da operação no final do dia. Desde segunda, ao menos 40 imóveis na região foram derrubados. O Sol Nascente é considerada a maior favela do Distrito Federal.

Na semana passada, moradores e policiais entraram em confronto durante a derrubada de residências. Moradores chegaram a ocupar um micro-ônibus e a depredar o veículo. Várias ruas de acesso ao bairro foram fechadas, e a PM usou bombas de gás lacrimogêno e balas de borracha para dispersar os manifestantes.

Móveis e eletrdomésticos recuperados por morador antes de ter a casa derrubada no Sol Nascente (Foto: Jéssica Nacimento/G1)

A diretora da Agefis, Bruna Pinheiro, disse que o conflito não havia sido causado por moradores do Sol Nascente, mas por “baderneiros”. Segundo ela, a reação dos supostos “baderneiros” foi provocada pelos responsáveis por dividir e vender os terrenos na região.

Perfil
Estudo feito por amostragem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística aponta que, em 2010, a região tinha 56,5 mil moradores. Na época, o Sol Nascente estava abaixo somente da favela da Rocinha, no Rio de Janeiro, em número de habitantes.

Dados da administração regional baseados em pesquisa realizada pela Codeplan em 2013 apontam que o Sol Nascente junto com o Pôr do Sol, também em Ceilândia, tinham somados 78.912 moradores. No entanto, líderes comunitários afirmam que atualmente o setor habitacional é ocupado por mais de 110 mil pessoas.

Policial militar mostra pés de maconha encontrados em uma casa durante a derrubada desta terça-feira (Foto: Jéssica Nacimento/G1)

A região tem um projeto urbanístico dividido em três trechos, que juntos somam 940 hectares (cerca de 940 campos de futebol). A área apresenta problemas de saneamento básico, acúmulo de lixo, buracos nas ruas, barracos em condições precárias e altos índices de criminalidade.

Atualmente, a região é comandada por gangues e grileiros que tentam impor regras aos moradores e fazem ocupações irregulares para depois vender as terras invadidas. Nesta terça, durante a desocupação da área, a PM encontrou pés de maconha com mais de um metro de altura.

Fonte - G1/Distrito Federal

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