Na
última segunda-feira (09), a Administração Regional de Santa Maria iniciou o
que seria mais uma obra que beneficiaria a comunidade, levando em consideração
a revitalização de um patrimônio histórico e cultural, bem como o incentivo as
práticas esportivas para os jovens, que estão cada vez mais escassas na cidade.
Todavia, dois dias após o “suposto”
início das obras da quadra poliesportiva, localizada na CL 202, os operários,
após retirarem o alambrado, deixaram o local sem dar qualquer satisfação e “sumiram”.
Algumas
lideranças comunitárias que foram informadas do início das obras de revitalização
do local, até comemoram. Porém, por pouco tempo, uma vez que, ao procurarem a
administração local com o intuito de saber o porquê da paralização das obras,
foram informados de que houve um erro e que “aquela
quadra não era para ser reformada, uma vez que seria demolida, dando lugar para
a instalação de dezenove lotes comerciais”.
Revoltados,
o prefeito comunitário de Santa Maria, Alan de Brito, bem como o presidente da
Analc Iço Firmino se mobilizaram com a finalidade de barrar aquilo que
classificaram como “um atentado a
história da cidade”.
Segundo
Alan, a “quadra da 202”, como é
popularmente conhecida foi construída e entregue aos moradores em 1991, bem
antes das primeiras construções da cidade e faz parte do “acervo histórico” de Santa Maria. "Foi aqui que realizamos as primeiras discussões da Associação de
Moradores, em prol da melhoria da cidade, além da distribuição de cestas,
verduras, os primeiros campeonatos e ainda a realização das primeiras festas de
aniversário da cidade. Essa quadra tem um valor histórico e cultural para Santa
Maria. Assim, não é só chegar aqui e destruir uma edificação que faz parte da
história da cidade”, disse o prefeito.
Ele
ainda informou que “se houve erro” na
delimitação de áreas para o comércio, esse foi da Terracap. “Eles tem que entender essa quadra já existe
bem antes da cidade e se trata de um local de grande valor para os moradores.
Agora o que não pode é o povo pagar por um erro que não é nosso”,
enfatizou.
Para
justificar a demolição do local, Alan explica que o administrador da cidade
Nery do Brasil, informou que recebeu uma citação do Ministério Público,
solicitando que parassem imediatamente a obra. “Ao procurarmos o administrador, ele nos informou que não podia fazer
nada, pois se tratava de uma decisão judicial e teria de cumprir”,
informou.
O
prefeito comunitário promete esquentar a briga junto ao GDF e tentar a
permanência da quadra. “Essa nossa luta
não é pelo poder econômico e sim para defender um local que tem valor histórico
incalculável para a cidade”, enfatizou.
Alan
falou ainda que recebeu a informação de que os lotes já foram inclusive
vendidos pela Terracap. “Existe o filho
de uma importante liderança da cidade que disse ter adquirido um lote aqui no
local. Se é verdade ou não, nós temos que averiguar. Todavia, o que tem de ser
feito é evitar que delapidem o patrimônio da cidade”, falou.
Alan
ainda lembrou das lideranças que passaram pela cidade e que lutaram para que o
local fosse erguido e servisse a comunidade.
“Por aqui já passaram a saudosa professora Irene, que não mediu esforços para
ver essa quadra erguida, também outras lideranças que já se foram, bem como as
verdadeiras que ainda lutam pela cidade e não querem ver a população
desguarnecida a mercê de verem morrer a história da cidade, uma vez que, nesse
local existiam a escola de lata e a quadra. A escola já foi substituída por
outra novinha. Agora tirar a quadra para colocar comércio, isso não vamos
admitir”, disse.
A
sensação deixada nos moradores do local é de constrangimento e indignação,
principalmente naqueles que viveram a sua história. Isso é o que disse a
aposentada e pioneira Carmelita Alexandre da Costa (77). Para ela a decepção é ainda
maior, devido ter sido ela a plantar as árvores do local. “Isso aqui era um deserto, daí plantamos todas essas árvores que hoje
faz sombra para todo mundo. Dá uma dor no coração ver isso acontecer com a
quadra que faz parte das nossas vidas”, disse entristecida.
Outro
fato que deixou a aposentada chateada, é com relação ao custo do início das
obras realizadas na quadra. “Eles foram
na minha casa e pediram para usar a água e energia para lixar o piso e cortar
os alambrados, dizendo que pagariam as contas. Usaram dois dias e sumiram. Os
aparelhos que usaram consumiam muita água e energia e agora não sei quem vai
pagar”, disparou.
Procurado
para comentar o assunto, o administrador da cidade Nery do Brasil informou que
a ideia de revitalizar o local foi da Administração Regional. Todavia, recebeu
do Ministério Público notificação para suspender a obra. Em contato com a
Terracap, ficou acertado que essa dispunha de um recurso na ordem de R$ 190 mil
para a construção de outra quadra em substituição a que será demolida. “A proposta é de que a nova quadra será
construída na QR 301 (quadradão) e terá toda a estrutura de cobertura e
acessibilidade. Assim, oficiamos à Terracap de que procederemos com a
demolição, tão logo seja edificada a substituta”, informou o administrador.
Nery
informou ainda que a medida só foi possível graças a mobilização dos moradores
em questão de confeccionar abaixo assinado para que esses não ficassem órfãos
do equipamento público.
Com
relação ao gasto de energia e água na residência da moradora pela empresa que
começou a realizar a obra, o administrador informou que tomará todas as medidas
para o ressarcimento dos custos gerados pela empresa junto a essa.
Para
finalizar, o administrador falou que o trabalho de revitalização foi
transferido para a quadra da QR 118 que está em pleno vapor.
Fonte - Agencia Satélite
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