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Empresas de fachada na Bahia são donas de contrato milionário no DF


Local que deveria funcionar a empresa de transporte WLSP, porém funciona uma empresa de suplemento alimentar – Foto: Reprodução Daniel Ferreira/Metrópoles

No lugar onde deveriam existir duas transportadoras funcionam, na verdade, um bar, um salão e uma loja de suplementos alimentares

Por Carlos Carone, do Metropolis – As duas empresas contratadas pelo GDF para atuar no apoio à limpeza e à manutenção das vias públicas em cidades do Distrito Federal são de fachada. No estado da Bahia, um bar, um salão de beleza e uma loja de vitaminas funcionam nos endereços onde deveriam existir a sede da LN Distribuidora e Comércio Ltda e da WLSP Logística e Construção. A reportagem do Metrópoles teve acesso a documentos e fotos que revelam as reais atividades das supostas transportadoras que desde junho tornaram-se parceiras do governo local.

Em junho deste ano, saiu o resultado da licitação referente ao Pregão Eletrônico 148/2014, que prevê a contratação de quase 600 caminhões e carretas para auxiliar na limpeza e na manutenção de vias do DF. As duas firmas vencedoras – a LN e a WLSP – dividiram cinco lotes de serviço que somam R$ 60,3 milhões. O valor é 25% abaixo do que o estimado no edital da licitação. Mas os primeiros indícios de direcionamento na concorrência demonstram que esse barato pode sair caro.

Local que deveria funcionar a empresa LN
funciona o Bar do Biro Biro
Responsável pelos lotes 1 e 2 do contrato em vigência com o governo do DF, a LN funciona na rua Professor Cassilandro Barbuda, nº 714, loja, 4, no bairro Costa Azul, em Salvador. Exatamente no mesmo lote existe o famoso “Bar do Biro Biro” e o salão de beleza “Samuka”, onde os baianos tomam cerveja gelada e dão um “tapa” no visual. Os dois comércios são geminados e muito visitados pelos moradores do bairro, que nunca ouviram falar da empresa LN Distribuidora.

A outra empresa contratada pelo GDF, a WLSP Logística, também aparenta uma versatilidade difícil de acreditar. Segundo os documentos apresentados para validar o contrato com o GDF, a WLSP funciona na Estrada da Liberdade, Nº 33, loja 02, bairro da Liberdade, também em Salvador. Só que nesse endereço existe, na verdade a loja “Bravo Suplementos” (foto no alto da página), especializada na venda de vitaminas e compostos alimentares para atletas.

Bahia(BA), 20/09/2015 – 
Fraude na licitação do GDF – 
Local que deveria funcionar a 
empresa LN logística, porém funciona 
um bar e um salão de beleza – 
Foto: Reprodução Daniel Ferreira/Metrópoles

Na parte de cima desse comércio, foi erguido um pequeno sobrado, com três lojas no térreo e dois apartamentos no andar superior. Mais uma vez, nenhum morador ou comerciante ouviu falar da empresa WLSP na região. O Metrópoles teve acesso às certidões da Junta Comercial da Bahia que detalham as informações sobre as empresas contratadas pelo governo do DF. Elas confirmam a incoerência de atividades.

Imbrógilo licitatório

Em sete de agosto deste ano, uma reportagem publicada pela equipe do Metrópoles revelou que a LN e a WLSP pertencem à mesma família. O dono da LN, Lázaro Nunes, é casado com Caroline Cruz. Ela é filha de Antônio José da Cruz, companheiro de Gilvana Lima, representante legal da WLSP. Antônio José é ex-vereador de Salvador, pelo PSB, mesmo partido do governador Rodrigo Rollemberg.

Além do vínculo entre os proprietários da LN e da WLSP, Caroline é sócia da Podium Distribuidora, que também participou da licitação em Brasília, mas não levou. As duas últimas empresas, inclusive, são vizinhas na capital baiana.

Em meio a conexões duvidosas, surge mais um fato digno de atenção. A LN nomeou José Henrique Oliveira de Souza em primeiro de junho seu representante legal em Brasília. Henrique foi candidato a deputado distrital pelo PSB.

Diante dos indícios de irregularidades no processo licitatório, o Tribunal de Contas do DF (TCDF) suspendeu, em 8 de agosto, por meio de uma liminar, o contrato assinado entre o governo e as duas empresas. A Corte ainda irá julgar o mérito da licitação.

Uma das planilhas de controle da Subsecretaria de Gestão das Cidades, vinculada à Vice-Governadoria, evidencia a defasagem na prestação dos serviços contratados da WLSP. De um total de 114 caminhões pedidos pela subsecretaria, apenas 41 foram entregues.

A Secretaria de Gestão Administrativa e Desburocratização do GDF informou, por meio de nota que os contratos referentes aos lotes 3,4 e 5 da referida licitação continuam suspensos obedecendo a decisão do TCDF. “O Governo de Brasília esclarece que continuará com a suspensão até a decisão final do Tribunal”, diz a nota.


Fonte - Blog do Callado

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