Se
valendo de documentos no mínimo suspeitos, assinados, provavelmente, por “Zumbi
dos Palmares”, oriundos do além, ou confeccionados em cartórios do entorno,
grileiros usam os Quilombolas para invadir e vender áreas de Santa Maria.
A
situação com relação as terras públicas de Santa Maria está ficando
insustentável e cada vez mais complicada de ser resolvida, uma vez que, alguns
marginais se dizendo do movimento Quilombolas, estão loteando o que restou da
cidade e vendendo frações que chegam a valer no mercado “negro” a bagatela de
até 200 mil a unidade. “O interessante de tudo isso, é que as coisas estão
acontecendo a olhos nus e ninguém até o momento tomou providencias a fim de
coibir essa pouca vergonha”, disse uma respeitável liderança da cidade.
São
mais de uma centena de lotes que surgiram da noite para o dia e da mesma forma
teve solicitado, em alguns casos, sabe Deus como, a instalação de energia
elétrica. Para o prefeito comunitário Alan de Brito, a cada dia aparecem
pessoas nos órgãos públicos solicitando a instalação de água em determinados
lotes com endereços inexistentes. “Eles chegam com documentos que temos a
certeza de que são falsos ou no mínimo com procedência suspeita, solicitando
serviços públicos”, disse.
Um
dos documentos mostrados por Alan, é uma cessão de direito confeccionada no
mínimo por amadores e que mostra endereço inexistente. De acordo com o
prefeito, além do endereço, o documento define quinhão como área urbana. “Eles
não tiveram ao menos o senso de entender que quinhão é área rural e na tal
cessão, eles endereçam o lote, dentro da área urbana”, disse.
O
documento foi repassado a um morador da cidade, após esse ter adquirido um
imóvel junto a um suposto advogado que o vendeu ao morador. Alan, ao atender o
morador e após constatar da suposta fraude do documento, tirou cópia e o
encaminhou ao Ministério Público. “Essa prática está sendo corriqueira e todo
dia aparecem espertalhões, bem como pessoas humildes que foram ludibriadas por
esses, solicitando serviços públicos que em alguns casos se mostram retraídos
em virtude da suspeita da veracidade dos documentos, bem como por possuírem
endereçamento inexistente, aonde os serviços públicos não alcançam”, enfocou.
Levantamento
do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) aponta que no
Distrito Federal não existe nenhum quilombo ou terras oficialmente reconhecidas
por terem abrigado escravos. Todavia, uma família reivindica a anos indenização
pela posse de 162 hectares de terras supostamente Quilombolas, nas proximidades
do residencial Porto Rico. Conforme os autos, a ação envolve quantia
equivalente ao que seria gasto na construção de quase duas mil casas populares.
As terras em questão seriam herança de descendentes de escravos, de onde surge
a alegação de área Quilombola, o que nunca foi comprovado.
O
então chefe da Divisão de Ordenamento de Estrutura Fundiária da
Superintendência Regional do DF, do Instituto Nacional de Colonização Reforma
Agrária (Incra), José Raimundo da Silva, garantiu em entrevista ao Jornal de
Brasília de 25/06/2013, que “no DF não existem quilombos reconhecidos”.
Segundo
ele, se fosse constatada a presença de quilombos, as pessoas seriam
desapropriadas com as mesmas regras utilizadas para a Reforma Agrária.
“Técnicos do Incra fazem avaliações a as pessoas são indenizadas em juízo. Por
aqui, não existem quilombos”, reforçou o servidor em 2014.
Aproveitando
a oportunidade, os grileiros, completamente diferentes da tradição, se baseando
por informações do além, definiram que toda a extensão de Santa Maria foi no
passado um quilombo e que devido o passar do tempo, têm que recuperar suas
perdas, vendendo os lotes por eles mesmos demarcados.
Segundo
Alan, na qualidade de morador, já protocolou denúncias junto ao Ministério
Público, com relação às ocupações irregulares. “O que está ao nosso alcance,
não nos omitimos e cobramos. Todavia, temos que aguardar os tramites judiciais
com relação ao assunto”, disse.
Recentemente,
em uma rede social local, lideranças e moradores, indignados com o parcelamento
irregular da cidade, cobraram que fossem tomadas medidas de extrema urgência
para coibir tais práticas. Assim, definiram a realização de uma reunião a fim
de cobrar atitudes do poder público com relação ao assunto em questão. “A
partir de então, as lideranças massificaram ainda mais as cobranças, inclusive
acionando o MP”, relatou Alan.
Em
umas das denúncias, o morador informou ao Ministério Público da ocupação desordenada
do solo, risco de dano irreversível, descumprimento de normas de edificação,
descumprimento de projetos urbanísticos (NGB) e descumprimento de legislações
vigentes. De posse da denúncia, a Promotoria de Justiça solicitou que Alan
providenciasse mais elementos e em seguida, fosse marcada audiência com o chefe
da promotoria. Assim, o prefeito se reuniu com várias lideranças comunitárias
“de fato” e decidiram montar uma comissão para levantar toda a demanda a fim de
atender ao Ministério Público. “Fizemos exatamente o que diz a legislação a fim
de subsidiar o MP com as informações necessárias para o desenrolar da ação”,
explicou.
A
preocupação maior das lideranças, segundo Alan, é com relação ao trabalho
realizado na cidade ao longo dos anos, que definiu áreas para o Pdot, Luos e
Poligonais, atualmente em análise na Câmara Legislativa. “Esses grileiros
fizeram o favor de rasgar um trabalho de aproximadamente 20 anos, pois
cercaram, venderam e estão vendendo, estacionamentos, áreas para escolas técnicas,
creches, centros culturais, cartórios, cemitério e demais equipamentos
públicos. O interessante de tudo isso é que os órgãos públicos fiscalizadores,
cruzamos braços e ninguém faz nada. Tudo isso está acontecendo em pleno sol do
meio dia. E eles o que fazem? Ficam à sombra!”, disse.
Outro
questionamento segundo Alan de Brito, está com relação aos quiosques que estão
se espalhando na cidade. Em um deles, situado na CL 217, houve embarco no fim
de 2014. Todavia, as obras estão avançando na calada da noite e aos finais de
semana. “Pelo que sabemos, aquela obra está embargada, mesmo assim, a obra está
a todo vapor”.
Ao
finalizar, Alan demonstrou sua dúvida com relação à venda de lotes no DF. “Pelo
que nós sabemos, a única responsável por vender lotes no DF é a Terracap.
Todavia, em Santa Maria, está acontecendo o inverso do avesso, ou seja, quem
vende lotes aqui é a imobiliária dos grileiros. Será que o governo não vê
isso?”
Fonte - Agência Satélite
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