Inconformados com as várias promessas não cumpridas da Administração Regional em solucionar os problemas do setor, moradores bloqueiam a via em frente ao terminal sul e impedem ônibus de saírem do local.
Santa Maria – Na última terça-feira (28),
moradores e comerciantes do Residencial Porto Rico, expansão de Santa Maria, já
cansados de esperar por melhorias, decidiram bloquear a Avenida Santa Maria, na
altura do terminal e impediram saída dos ônibus. Com isso, o transporte público
ficou prejudicado por aproximadamente três horas. O manifesto só terminou com a
chegada do administrador Nery do Brasil ao local, que prometeu tomar medidas
imediatas para a melhoria de infraestrutura do setor.
Foram horas de negociações entre os
manifestantes, Administração Regional e a Policia Militar, que no primeiro
momento, se reservou apenas em acompanhar a ação dos moradores, tentando a todo
momento garantir a saída dos ônibus do local. Todavia, quando os ânimos já
estavam calmos e a situação parecia resolvida, um princípio de confusão se acirrou
e quase terminou em confronto entre a PM e os manifestantes. Isso, após o
comandante da operação dar voz de prisão a três manifestantes. “O comandante da
operação, Aspirante Loureiro, sem qualquer motivo aparente, de acordo com os
manifestantes, deu voz de prisão e com o auxílio de outros policiais, tentou
nos levar a força para a viatura. Tudo isso após entrarmos em acordo com a
administração e a PM, bem como, já estarmos desocupando a via”, enfocou Durval
Pires Maciel, apontado pela PM como sendo um dos líderes do manifesto.
Após a detenção dos três manifestantes, o
comandante da operação jorrou gás de pimenta sobre os demais manifestantes e
imprensa que se aglomeraram em torno da viatura, aonde estavam os detidos. Com isso,
algumas pessoas passaram mal e o caso mais delicado ocorreu com o Prefeito
Comunitário Alan de Brito, que também foi detido e teve de receber atendimento
médico.
Entre os detidos, também estava um funcionário
de uma das empresas de ônibus, até então prejudicada com o manifesto, que
também teve de ser liberado, sobre a pressão dos demais funcionários, que
ameaçaram paralisar e não deixar os ônibus saírem do terminal, caso o colega
também não fosse liberado pelos PMs. Depois de negociação, o funcionário foi
liberado.
Do
objetivo do Manifesto
De acordo com a Associação de Moradores do
setor, ao longo dos dezesseis anos de existência, a população vem acumulando
problemas que poderiam ser solucionados pelos gestores que administraram a
cidade. “Os nossos problemas vão desde infraestrutura, até coisas simples como
limpeza e entrega de correspondências”, disse a presidente da associação Joana
D’Arc Tavares. Segundo ela, com relação as correspondências, os moradores têm ir
até agência dos Correios, distante aproximadamente sete quilômetros, para
buscar suas correspondências, pois não há serviço de distribuição no Porto Rico.
“Muitas vezes não cumprimos determinados compromissos, tais como pagamento em
dia de faturas, devido não recebermos as correspondências dentro do prazo em
nossa residência, pois nem sempre temos condições de irmos toda semana na
agencia dos Correios”, explicou.
Outro problema, segundo Joana, é a falta de
infraestrutura, o que faz com que o setor tome aspecto de abandono. “As ruas
estão esburacadas e intransitáveis. Em determinados lugares do Porto Rico, não
entra carro, tampouco moto. Assim, não podemos contar com serviços básicos como
coleta de lixo, entrega de compras e em último caso e o mais grave, o
atendimento emergencial por meio da polícia ou mesmo o Samu”, enfatizou.
Após o manifesto, o administrador Nery,
esteve no Porto Rico e prometeu que no outro dia (29), as maquinas estariam no
setor e só sairia após a conclusão dos trabalhos de recuperação das vias.
Todavia, segundo os moradores, apenas uma máquina chegou para a execução dos
serviços e não trabalhou mais do que uma hora por dia. Ainda menos no primeiro
dia, aonde trabalhou apenas trinta e cinco minutos, devido apresentar problemas
mecânicos.
Em contato com a Administração Regional, o
administrador Nery do Brasil informou que nessa primeira fase, o governo ainda
não dispunha de maquinário suficiente e que o utilizado na operação era
emprestado de outro órgão, que solicitou a sua devolução. Assim, estaria
lutando junto ao governo para conseguir novo maquinário e assim poder servir os
moradores nas suas necessidades.
Os moradores ainda reclamaram da qualidade do
serviço feito nos três dias em que as máquinas estiveram no setor, pois segundo
eles, o trabalhado executado não resolveu, “nem em partes”, o problema
enfrentado pelos moradores.
Segundo Joaquim Pastor Paulo, morador da
região, o trabalho feito pela Administração “estava longe de ser considerado
ruim. O que fizeram aqui foi tentar enganar os moradores e um desperdício de
tempo, uma vez que não havia maquinário apropriado e o material que espalharam
é entulho, misturado a lixo trazido de outros locais, ou seja, limparam outras
áreas e despejaram aqui, tentando nos enganar com lixo trazido de outros locais
da cidade”, disse em tom de revolta.
Por sua vez o comerciante Marcelo Francisco
de Andrade, disse que, após o “trabalho” realizado pela Administração, os
moradores e comerciantes continuaram prejudicados. “Fizeram uma meia boca em
poucas horas achando que iam nos iludir e calar nossa boca e após, tudo
permaneceu da forma que estava, ou melhor, pior do que estava, pois agora, além
dos buracos, ainda temos mais lixo espalhado pelas ruas do que existia antes”,
comentou.
Outro morador que fez questão de não aprovar
o trabalho realizado pela Administração foi Durval Pires Maciel. “O que foi
feito aqui é uma falta de respeito com os moradores e até mesmo com o governo
que ele (Nery) representa. Jogaram um monte de mato e lixo, misturado a um
barro vermelho e disseram que seria entulho. Entulho aonde? Para completar
ainda não espalharam direito e deixaram para os moradores separarem o lixo da
terra. Isso é um absurdo”, desabafou.
Outro fato que chamou a atenção dos moradores
e comerciantes, ocorreu pela falta de planejamento do órgão do GDF em proceder
os trabalhos. “Apesar de estarem acompanhados de uma pessoa que se dizia assessor
da governadoria (Jadiel Tavares), jogaram o barro sobre algumas caixas de
esgoto (que já estavam entupidas) e com isso, aumentou ainda mais o problema”,
disse o aposentado Anastácio José da Silveira.
O residencial Porto Rico vive um dos seus
piores momentos após a sua criação, pois o descaso do governo é eminente aos
olhos dos moradores. Lixo, mato alto, esgoto a céu aberto e enormes crateras
nas ruas, são apenas o início do martírio vivido pelos moradores da região. Isso
tudo sem contar com a falta de segurança e demais serviços básicos que não
existem no bairro, fazendo com que a comunidade tenha que sair para buscar
auxílio em outros lugares. “Entra governo e sai governo, mas a nossa situação
continua a mesma. O pior de tudo é que, passada as eleições, nem aqui para
fazer promessas eles (políticos) não vem mais. Agora resta-nos apenas, agarrar
a forças divinas e esperar que alguém olhe para nós”, desabafou a dona de casa
Mirtes Moreira da Conceição.
Liderança
local comenta sobre os problemas vividos pelos moradores
A convite da associação de moradores, o
ex-administrador Alceu Prestes de Mattos, esteve no Porto Rico e andou pelas
ruas juntamente com o atual administrador Nery do Brasil e a presidente da
associação de moradores Joana D’Arc, aonde conversaram sobre os problemas
enfrentados pelos moradores. Segundo Joana, a presença do ex-administrador foi
relevante. “A presença do Dr. Alceu serviu para trazer a sua experiência
administrativa ao atual administrador na busca de soluções para a nossa região,
uma vez que, foi na sua gestão que muitos dos nossos problemas foram amenizados,
graças à sua visão administrativa e de respeito com os moradores, uma vez que,
mesmo sem recursos, tentava a todo custo amenizar o nosso sofrimento, diga-se
de passagem, com ações simples”, enfocou.
Ao percorrer a avenida principal do Porto
Rico com Nery, Alceu disse acreditar que o governo irá olhar com prioridade
para o setor, pois a situação no local já ultrapassou os índices alarmantes e
chegou ao de calamidade. “Existem ruas que estão sem condições de se transitar
até mesmo a pé, imagina de carro ou cavalo. Há quem afirme que os cavalos estão
se recusando a transitar pelas erosões que outrora eram avenidas. Na conversa
que tive com o Nery, vi que ele está cheio de vontade de atender a demanda,
porém, neste primeiro momento, vejo que ele não tem recursos suficientes para
iniciar um trabalho no setor. Mas, acredito que o governo, assim que puder, iniciará
as obras que são de extrema urgência, a fim de resolver de forma definitiva os
problemas enfrentados pelos moradores do bairro”, disse.
Alceu finalizou dizendo que a necessidade de
soluções emergenciais no Porto Rico se faz pelo falto de o período das chuvas
estarem acabando e com a seca a situação tende a piorar. “E desejar sorte ao
Nery, pois o período de chuva já está chegando ao fim. Com isso a poeira
levanta e outros problemas surgirão, principalmente os de saúde, que afetam crianças
e nos idosos. Ainda mais com o Hospital da cidade sem Pediatria e com o quadro
reduzido de médicos, vai virar um Deus nos acuda”, finalizou.
Fonte - Agência Satélite
Leia também em www.agenciasatelite.com.br