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Dez anos depois, acusado de mandar matar Ewerton Ferreira vai a julgamento

Diretor da Polícia Civil à época do assassinato, Laerte Bessa, e o deputado Wellington Luiz deverão prestar depoimento.



A família de Ewerton da Rocha Ferreira espera há uma década para ver o homem acusado de ser o mandante do assassinato do jovem se sentar no banco dos réus. Mas o julgamento do ex-deputado Carlos Xavier, marcado para começar hoje, pode ser adiado. A defesa do ex-distrital, que teve o mandato cassado em 2004, espera a inclusão de informações no processo e vai pedir que uma nova data seja agendada, caso os dados requeridos não estejam disponíveis para a avaliação do corpo de jurados no Tribunal do Júri de Samambaia.

Com 20 volumes, o processo se arrasta desde a denúncia contra Carlos Xavier, em maio de 2004. O Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) vai sustentar a versão de que o então deputado distrital pelo PMDB mandou executar o adolescente como vingança. O jovem de 16 anos mantinha um relacionamento com a mulher de Xavier, Maria Lúcia Araújo Xavier. O advogado do político, Gilson Viana, vai tentar desconstruir o inquérito policial que apontou seu cliente como o responsável pelo crime. A defesa pretende apresentar uma investigação paralela que levaria ao latrocínio, ou seja, roubo seguido de morte e a uma tentativa de incriminar Xavier.

A denúncia apresentada pelo Ministério Público e aceita pela Justiça traz detalhes para ligar o ex-deputado à morte do garoto. De acordo com a peça, o casamento de 14 anos de Xavier e Maria Lúcia era marcado por rotineiros e “múltiplos relacionamentos”. Para atrair a companhia de jovens, entre eles Ewerton, ela costumava oferecer dinheiro e presentes caros, como celulares, roupas e tênis, diz a denúncia. A advogada Júlia Solange Soares de Oliveira acompanha o caso desde 2004 e vai atuar como assistente de acusação durante o julgamento. Ela sustenta não haver dúvidas de que Xavier foi o mandante do crime. “As provas são muito fortes”, aponta.


Entenda o caso:

O ex-deputado distrital Carlos Xavier foi condenado a 15 anos de prisão em regime inicialmente fechado por ser o mandante do assassinato do adolescente Ewerton da Rocha Ferreira, suposto amante da esposa do ex-parlamentar. Ele tem direito a recorrer da decisão em liberdade. A sentença saiu as 1h30 da madrugada de terça-feira (08/04/2014).

Após quase 15 horas de julgamento, onde defesa e acusação realizaram embates com base em testemunhos e indícios, o júri não precisou de muito tempo para decidir o veredicto. Após se reunirem em uma sala reservado por 20 minutos, os jurados entregaram a decisão, que foi lida no plenário do Tribunal do Júri de Samambaia.

Após a decisão, a mãe do jovem assassinado Sirlene Ribeiro da Rocha, de 43 anos, disse achar o resultado justo. “Não estamos contentes, porque não é bom passar por uma situação dessas, mas estou aliviada”, confessou.

Antes mesmo de deixar o local, o advogado de defesa Gilson Viana anunciou que iria recorrer da sentença. “Estou fazendo esse júri, não por dinheiro, mas por convicção. Acredito que ele seja inocente”, falou. Ao ouvir a sentença, Carlos Xavier abaixou a cabeça e fez sinal de negativo. Chorando muito, as filhas, que acompanharam todo o julgamento, abraçaram o ex-distrital. “Você sabe que eu nunca iria fazer uma coisa dessa”, disse Xavier.

A denúncia apresentada pelo Ministério Público e aceita pela Justiça trouxe detalhes que ligaram o ex-deputado à morte do garoto. De acordo com a peça, o casamento de 14 anos de Xavier e Maria Lúcia era marcado por rotineiros e “múltiplos relacionamentos”. Para atrair a companhia de jovens, entre eles Ewerton, a mulher costumava oferecer dinheiro e presentes caros, como celulares, roupas e tênis, dizia a denúncia.

Três participantes no assassinato de Ewerton foram condenados em 2007 por participação no crime. O capoeirista Eduardo Gomes da Silva, conhecido como Risadinha, pegou 19 anos e três meses de prisão por homicídio duplamente qualificado e a um ano e meio por corrupção de menor. Segundo a denúncia, cumprindo ordens de Carlos Xavier, ele planejou a morte do adolescente. Os executores do crime, também condenados, seriam um adolescente e Leandro Dias Duarte, que levou Ewerton ao local da execução.



Do Correio de Santa Maria/Com informações de agências
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