Foi um começo de ano atípico: entre as vítimas de homícidio em janeiro, estão crianças assassinadas pelos pais; três homens mortos por mulheres; e quatro agentes de segurança pública fora de serviço
As ocorrências de homícidio do começo de 2015 descreveram circunstâncias excepcionais: um pai jogou o carro, com os quatro filhos, contra um caminhão, matando os cinco; mãe e filha morreram em incêndio provocado pela primeira; uma irmã degolou o irmão; duas mulheres assassinaram seus companheiros em briga de faca; uma menina levou um tiro que era destinado ao irmão dela; um homem de moto foi atropelado por outro de carro porque o primeiro estava tendo um caso com a mulher do segundo. Quatro agentes de segurança pública (nenhum deles estava em serviço), um jovem atleta de basquete, um empresário e um taxista estão entre as primeiras vítimas de homicídio deste ano.
Embora os dados da Secretaria de Segurança Pública apontem a morte de 66 pessoas vítimas de homicídio no primeiro mês do ano, apenas 39 foram noticiados. Isso porque a Polícia Civil do novo governo ainda obedece à orientação da administração anterior, de evitar divulgar casos de violência acontecidos no Distrito Federal. A maioria das vítimas dos casos listados pelo Correio, porém, corresponde ao perfil habitual dos casos de homicídios no Brasil: é do sexo masculino e morador de cidade-satélite. A idade dos homens assassinados varia entre 16 e 56 anos.
“A vida parece ter perdido valor”, diz o secretário de Segurança Pública, Arthur Trindade. “Acredito que a redução dos homicídios seja um dos maiores desafios de nossa sociedade”. Ao mesmo tempo, o novo secretário promete concentrar ações nas áreas, nos grupos e nas situações mais vulneráveis. Trindade defendeu a criação de uma lei “que confira transparência às estatísticas criminais” e informou a criação da Subsecretaria de Gestão da Informação.
O combate ao homicídio exige investimento a longo prazo e o retorno também é demorado, explica Marcelle Figueira, coordenadora do curso de segurança pública da Universidade Católica de Brasília (UCG). Embora haja casos complexos entre os crimes desse primeiro mês do ano, no conjunto, o perfil das vítimas e as circunstâncias dos homicídios não se diferenciam do restante do país — crimes motivados por tráfico de droga, briga entre gangues, assaltos. “Teoricamente, a partir do momento em que identificamos um perfil, é claro que conseguimos elaborar ações focalizadas na vulnerabilidade das vítimas. O homicídio é difícil de prever e, por isso, é uma dinâmica tão difícil de mudar”, afirma.
> Colaboraram: Ana Maria Campos e Thiago Soares
66 HOMICÍDIOS NA CAPITAL FEDERAL
As cidades onde aconteceram o maior número de assassinatos foram:
Ceilândia 12
Sobradinho 7
Taguatinga 6
Santa Maria 6
Recanto das Emas 4
Janeiro de 2015 66 homicídios
Janeiro de 2014 76 homicídios
Janeiro de 2013 48 homicídios
Fonte Correio Braziliense
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