Indicação de administradores ‘definitivos’ ainda pode demorar.
Após desistir de indicar nomes para administrações, deputado Rodrigo Delmasso deve ‘ressuscitar’ eleições diretas.
Mas efetivação pode não passar de promessa de campanha. Àqueles que aguardavam com ansiedade a possível publicação dos nomes dos administradores das Regiões Administrativas (RAs) definitivos no Diário Oficial do DF (DODF) de ontem (12/Dez) devem permanecer na expectativa. O governador, Rodrigo Rollemberg (PSB), aparentemente ainda negocia com nos bastidores com alguns deputados distritais da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF).
Atualmente as RAs estão sendo geridas por sete administradores interinos, nomeados provisoriamente por Rollemberg (5/Jan), até que haja a escolha definitiva dos gestores das 31 administrações do DF. Essa foi a alternativa encontrada pelo Governador para reduzir a pressão por parte da sociedade civil/ organizada com as listras tríplices, dos partidos aliados e dos parlamentares. Com as escolha dos nomes Rollemberg ganhou fôlego para negociar nomes para as administrações.
A conta não fecha
O problema é que há nomes demais para administrações de menos e nos bastidores políticos há uma verdadeira batalha para definir quem nomeará os administradores. Um dos motivos dessa disputa se dá à negociação de Rollemberg para a nomeação da presidente da CLDF, Celina Leão (PDT).
Para garantir o posto à Distrital, Rollemberg teve que começar um novo processo de negociação com alguns indicados, partidos aliados e com os parlamentares que compuseram a base de apoio ao governo. A redefinição de nomes e novas batalhas se tornaram inevitáveis.
Com isso a RA de Ceilândia, por exemplo, inicialmente de indicação do PSD, presidida por Rogério Rosso, foi pleiteada pelo senador Cristovam Buarque (PDT). Celina que tem a indicação de Sobradinho também pleiteia o Riacho Fundo I, originalmente do PSB. A indicação para o Gama, inicialmente de Augusto Carvalho (SD) chegou a ser disputada por Rodrigo Delmasso (PTN), porém o parlamentar voltou atrás.
Desistência
Para fugir à briga e dar mais abertura à Rollemberg, Delmasso, desistiu de indicar nomes para as administrações de RAs, mas deixou claro que cobrará do Governador o cumprimento da promessa de campanha, a eleição para escolha dos administradores. O Distrital pretendia indicar nomes para as Administrações Regionais do Gama e do Guará.
Procurado pelo Política Distrital, o Deputado esclareceu que o PTN não fez qualquer tipo de acordo ou imposição à Rollemberg para indicar administradores. Segundo Delmasso: “A opção de não fazer indicação é para garantir a legitimidade de poder cobrar do governo que se faça as eleições para administrador, prometido durante a campanha eleitoral.”, explica.
Ainda de acordo com Delmasso, a decisão de não indicar nomes para as RAs, não prejudica a relação de apoio a base do Governo: “Ela permanece a mesma.”, afirma. Mas o que pode ser uma estratégia para garantir as eleições diretas para administradores, pode não passar de promessa de campanha.
Viabilidade de eleições diretas Rollemberg após eleito já se posicionou perante a mídia comprometendo-se a buscar meios de tentar viabilizar as eleições diretas no DF. O ex-deputado distrital, Alírio Neto (PEN), sob o discurso de tentar ‘ajudar’ o governador a cumprir a promessa de campanha, tentou tirar Projetos de Lei, da gaveta, em pleno no final do mandato em Dezembro passado. Mas o jornalista e cientista político pela UnB, Francisco de Paula, diz não acreditar nessa possibilidade de se realizar eleições diretas no DF. Segundo Francisco: “Haveria a necessidade de mudar o escopo jurídico e uma tentativa de mudança da legislação provavelmente recairia em uma Ação de Inconstitucionalidade (ADIN) junto ao Supremo Tribunal Federal.”, informa.
Francisco explica: “O primeiro passo para se fazer eleições do jeito que boa parte do da sociedade acreditou que o governador faria obrigaria transformar as cidades satélites em municípios. Taguatinga e Ceilândia ”, afirma ao lembrar que isso poderia abrir precedentes para prefeitos de outras cidades no país decidirem realizar eleições para administradores.
Ainda de acordo com Francisco: “isso implicaria numa divisão de poderes de várias naturezas, político, financeiro, eleitoral, etc. E os estados e municípios estão praticamente quebrados e não aceitariam mais gente para dividir o bolo que ‘quase’ não existe”, afirma.
Sob essa ótica a pretensão de Delmasso de cobrar as eleições diretas no DF pode não reverberar além das paredes do plenário da CLDF.
Administradores Interinos
Enquanto não há nomeação dos administradores das 31 RAs, ficam mantidos sete os administradores interinos nomeados por Rollemberg. Esses administradores são responsáveis por áreas do DF. Conheça os ‘super-administradores’:
Ex-candidato a deputado federal, Igor Tokarski (PSB): Plano Piloto, Cruzeiro, Octogonal, Sudoeste e Candangolândia;
Vice-governador do DF, Renato Santana (PSD): Taguatinga, Ceilândia, Samambaia e Brazlândia;
Ex-candidato a deputado distrital: Wander Azevedo (PV): Lago Sul, Lago Norte, Varjão e Park Way;
Presidente PSB Zonal Guará, José Edilberto da Silva: SIA (Setor de Indústria e Abastecimento), Setor Complementar de Indústrias, Guará, Riacho Fundo, Núcleo Bandeirante, Águas Claras e Vicente Pires;
Estevão Sousa dos Reis: Sobradinho, Fercal e Planaltina;
Eduardo Rodrigues: Paranoá, Jardim Botânico, Itapoã;
Nery do Brasil: Recanto das Emas, Riacho Fundo II, Gama e Santa Maria.
Economia
Entre uma e outra disputa, Rollemberg, ganha tempo e tira o sono de muita gente que não vê a hora de assumir uma administração. Enquanto isso o Governador, que não poderá esticar a falta de nomeação dos administradores por muito tempo, deixa de gastar milhões com salários de administradores e de cargos comissionados, o que ajuda a reduzir o impacto do déficit das contas públicas. A expectativa é que o governador anuncie na próxima sexta-feira (19) os nomes dos gestores das Regiões Administrativas do DF.