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Farra dos cachês ajudou a promover políticos durante a gestão Agnelo

Na investigação do pagamento superfaturado de cachês, descobriu-se também a promoção proibida de políticos, o gasto exagerado com festas pequenas e o intermédio de empresas inidôneas

Adauto Cruz/CB/D.A Press - 4/5/09

Entre os absurdos encontrados na auditoria da Controladoria-Geral do GDF sobre a contratação de artistas entre 2011 e 2013, estão eventos de pequeno porte que receberam quantidade exagerada de dinheiro público. Um dos casos foi a festa de aniversário do Setor de Indústria e Abastecimento (SIA), em julho de 2013. O GDF gastou R$ 198 mil na festa — que não reuniu nem 2 mil pessoas. À época, a justificativa dada é que a festividade “contribuiria para o desenvolvimento social da cidade e iria ao encontro das aspirações e necessidades dos moradores da região”. Mas nem essa explicação foi satisfatória para a controladoria, uma vez que o evento ocorreu em dois dias de pouco movimento: sexta-feira à noite e sábado.

Muitas contratações suspeitas eram feitas por meio de empresas. Pelo menos 19 das firmas intermediárias, no entanto, nem sequer existem no endereço que consta do cadastro. Outras têm endereço fixo, mas em área residencial, o que, na visão da controladoria, “coloca em dúvida a solidez destas para negociar com a administração pública”. Entre elas, está a CRV Produções de Espetáculos Ltda, de Santa Maria. A mesma, inclusive, foi declarada “inidônea” pelo GDF em 2011, ou seja, tem restrições para participar de outras licitações.

A promoção pessoal de políticos em eventos financiados com recursos públicos também aparece. O 4º Arraiá da Prefeitura Comunitária do Itapoã, por exemplo, recebeu a doação de R$ 70 mil via emenda parlamentar do deputado distrital Wasny de Roure (PT). O relatório indica que, no dia do evento, havia cartazes espalhados com a foto do petista, o que é probido por lei. Segundo a assessoria de Wasny, não foi dele a iniciativa de se promover e o deputado “não pode controlar os populares”. “O distrital não pode ser responsabilizado por isso; deve ser coisa de eleitores com falta de discernimento do que é certo e errado. Inclusive, ele sempre condenou esse tipo de promoção pessoal”, afirma, em nota.

Cachês

Em relação à variação de valores dos cachês, a assessoria do cantor nordestino Alceu Valença — contratado uma vez por R$ 40 mil e outra por R$ 90 mil — explicou que as apresentações tiveram público e tamanho diferentes. “O mais barato foi um show acústico na Casa do Cantador, em Ceilândia, local voltado para a comunidade e com orçamento mais baixo. O outro, na mesma cidade, foi um espetáculo grandioso, o Maior São João da Cidade. E, neste cachê, foram inclusas também as passagens e hospedagens do músico e da equipe”, justificou. 
Fonte: Correio Braziliense

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