A idosa de 70 anos atropelada no Parque da Cidade não resiste após dois dias internada em um hospital particular da Asa Sul. Testemunha confirma que acusado seguia em alta velocidade na faixa compartilhada, na qual acidentes entre bicicletas e pedestres são frequentes
Publicação: 10/12/2014 15:11 Atualização:
A caminhada de Aparecida (nome fictício), 70 anos, terminou ontem em tragédia. Ela morreu à tarde em um hospital particular da Asa Sul depois de ser atropelada por um ciclista no sábado no Parque da Cidade. “A família está inconformada. É muito triste ver como toda a história se desenrolou. Não é possível que uma barbaridade dessas fique impune”, disse um amigo próximo que pediu para não ser identificado. O acidente aconteceu na faixa compartilhada para pedestres e bicicletas, logo depois de a vítima deixar o banheiro do Estacionamento 2.
Testemunhas apontam a alta velocidade do ciclista como a principal causa da morte. O policial civil Murilo Watson presenciou a colisão. “Eu vi a velocidade que ele estava. Eu e a minha família pedalamos e percebemos o risco que existe. Não se pode transformar a bicicleta em uma arma”, disse ao Correio. “É uma pena que tenha tido esse desfecho. Espero que isso não volte a acontecer.” O ciclista prestou depoimento na 1ª Delegacia de Polícia (Asa Sul), responsável pelo caso. A polícia não divulgou a identidade dele. A família de Aparecida pediu que o nome dela seja preservado.
Segundo levantamento do Departamento de Trânsito (Detran), as bicicletas foram responsáveis, de 2003 a 2013, por 8,3% dos acidentes envolvendo fatalidades no Distrito Federal. Na maioria das vezes, no entanto, os próprios ciclistas foram as vítimas. Das 534 mortes no período, 509 eram de quem estava sobre duas rodas.
O risco é confirmado por quem utiliza os passeios e as calçadas da capital todos os dias. O aposentado João Vitor Macedo, 70 anos, caminha há 20 pela Asa Sul. Segundo ele, o perigo é diário. “Os ciclistas pensam que os passeios são ciclofaixas e abusam da velocidade. Na minha quadra, a 113 Sul, não são apenas os idosos que passam apuros. Adultos, crianças e animais também estão expostos”, reclama.
O ciclista profissional Deusimar Alves adverte que, em locais de grande circulação e de lazer, o ciclista deve ter consciência. “Calçadas, ciclofaixas e o Parque da Cidade não são locais para se atingir alta performance. Não temos como controlar o que vai acontecer, então, a velocidade deve ser deixada para locais adequados de treinamento e competições”, disse. “Eu trabalho no Parque de segunda a sexta e vejo vários acidentes. Esse não foi o primeiro nem vai ser o último.”
Respeito
No Parque da Cidade, pedestres e ciclistas se estranham na faixa compartilhada. Colisões, por exemplo, se tornaram frequentes. Segundo a administração da área de lazer, há pedidos para a construção de uma faixa exclusiva para bicicletas no anel externo. O GDF ainda estuda a possibilidade. “Essa realidade trouxe a necessidade da construção desse circuito, mas, quando estiver pronto, também não será para alta velocidade. Os ciclistas têm de entender que ali também circularão pedestres”, alerta a administradora do Parque da Cidade, Juliana Neto.
Ela reforça que há placas de sinalização que chamam a atenção do ciclista sobre o risco de acidentes. “A gente faz o possível para conter a velocidade, mas o número de ciclistas aumentou muito nos últimos anos, e eles têm de compreender que esse não é local para correr”, conclui.
Para o especialista em segurança no trânsito e professor da Universidade de Brasília (UnB) Paulo César Marques da Silva, as colisões na faixa compartilhada só diminuirão se campanhas educativas fossem trabalhadas no dia a dia. “O comportamento do cidadão deveria ser educado para a coletividade e a locomoção responsável. Nesse ponto, temos uma insuficiência grande. O essencial é a atitude de respeito e de atenção com o próximo”, defende.
O acidente aconteceu na faixa compartilhada: risco para pedestre e ciclista |
Segundo levantamento do Departamento de Trânsito (Detran), as bicicletas foram responsáveis, de 2003 a 2013, por 8,3% dos acidentes envolvendo fatalidades no Distrito Federal. Na maioria das vezes, no entanto, os próprios ciclistas foram as vítimas. Das 534 mortes no período, 509 eram de quem estava sobre duas rodas.
O risco é confirmado por quem utiliza os passeios e as calçadas da capital todos os dias. O aposentado João Vitor Macedo, 70 anos, caminha há 20 pela Asa Sul. Segundo ele, o perigo é diário. “Os ciclistas pensam que os passeios são ciclofaixas e abusam da velocidade. Na minha quadra, a 113 Sul, não são apenas os idosos que passam apuros. Adultos, crianças e animais também estão expostos”, reclama.
O ciclista profissional Deusimar Alves adverte que, em locais de grande circulação e de lazer, o ciclista deve ter consciência. “Calçadas, ciclofaixas e o Parque da Cidade não são locais para se atingir alta performance. Não temos como controlar o que vai acontecer, então, a velocidade deve ser deixada para locais adequados de treinamento e competições”, disse. “Eu trabalho no Parque de segunda a sexta e vejo vários acidentes. Esse não foi o primeiro nem vai ser o último.”
Respeito
No Parque da Cidade, pedestres e ciclistas se estranham na faixa compartilhada. Colisões, por exemplo, se tornaram frequentes. Segundo a administração da área de lazer, há pedidos para a construção de uma faixa exclusiva para bicicletas no anel externo. O GDF ainda estuda a possibilidade. “Essa realidade trouxe a necessidade da construção desse circuito, mas, quando estiver pronto, também não será para alta velocidade. Os ciclistas têm de entender que ali também circularão pedestres”, alerta a administradora do Parque da Cidade, Juliana Neto.
Ela reforça que há placas de sinalização que chamam a atenção do ciclista sobre o risco de acidentes. “A gente faz o possível para conter a velocidade, mas o número de ciclistas aumentou muito nos últimos anos, e eles têm de compreender que esse não é local para correr”, conclui.
Para o especialista em segurança no trânsito e professor da Universidade de Brasília (UnB) Paulo César Marques da Silva, as colisões na faixa compartilhada só diminuirão se campanhas educativas fossem trabalhadas no dia a dia. “O comportamento do cidadão deveria ser educado para a coletividade e a locomoção responsável. Nesse ponto, temos uma insuficiência grande. O essencial é a atitude de respeito e de atenção com o próximo”, defende.