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ENFIM PRESOS - Comerciante seria mandante de crime contra sem-teto do DF, diz delegado

Polícia diz que dono de marcenaria pagou R$ 100 para queimarem mendigos.
Quatro presos nesta manhã negaram a delegado envolvimento com crime. 


O delegado-chefe da 33ª delegacia de polícia do DF, Guilherme Nogueira, informou na manhã desta terça-feira (6) que o dono de uma marcenaria teria contratado, por R$ 100, um homem para atear fogo, no dia 25 de fevereiro, em dois sem-teto que viviam nas ruas de Santa Maria. Conforme o titular da 33ª DP, o crime teria sido encomendado porque os moradores de rua estavam “prejudicando o comércio”.
Na manhã desta terça, a polícia cumpriu quatro mandados de prisão temporária. Ao todo, sete são suspeitos de envolvimento no crime, sendo dois deles adolescentes, outros quatro têm 19 anos e o mandante tem 37. Eles foram identificados por meio de depoimentos de vizinhos e pela delação de um dos envolvidos.
Segundo o delegado Nogueira, todos os presos nesta manhã negam envolvimento com o crime.
"Todos os maiores de idade são moradores da mesma quadra, local onde o crime aconteceu, e se conhecem desde infância", disse Nogueira.
Uma das vítimas, José Edson Miclos de Freitas, de 26 anos, teve mais de 60% do corpo queimados e morreu horas depois de chegar ao hospital. Ele foi enterrado no dia 28 de fevereiro. Desde o dia do ataque, Paulo César Maia, 44 anos, que teve 20% do corpo atingidos pelo fogo, está internado em estado grave no Hospital Regional da Asa Norte (Hran).

Quatro homens foram presos na manhã desta terça-feira (6), no Distrito Federal, suspeitos de atearem fogo em dois moradores de rua. (Foto: Felipe Néri/ G1)
De acordo com a polícia, primeiro, os suspeitos teriam ateado fogo em um sofá onde os moradores de rua dormiam. Nesse momento, o mandante estaria acompanhando a ação da esquina.
Ao perceber que as vítimas haviam sobrevivido, o grupo seguiu no carro do comerciante em direção a um posto de combustível, onde comprou mais gasolina. O delegado contou que, de volta ao local do crime, um suspeito jogou o combustível e outro soltou o fósforo aceso.
Punições
Os adolescentes devem prestar informações na Delegacia da Criança e do Adolescente ainda nesta terça. O delegado Guilherme Nogueira informou que, pelo que foi apurado, os adolescentes não jogaram gasolina ou atearam fogo nas vítimas, mas acompanharam toda a ação.
O homem que revelou como o crime aconteceu recebeu o benefício da delação premiada e vai responder em liberdade. Com 19 anos, ele era militar da Força Aérea e fui expulso depois que o Comando da FAB foi informado do envolvimento dele na ação contra os moradores de rua.

Os suspeitos vão responder por homicídio com quatro qualificações: motivo fútil, uso de fogo, pagamento de recompensa e recurso que impossibilita defesa da vítima, e podem pegar pena de 12 a 30 anos de prisão.
O mandante pode ter de um a quatro anos de acréscimo por aliciamento de adolescentes. Dos quatro homens levados para a carceragem da delegacia de Santa Maria, três têm passagem pela polícia. O mandante já responde por maus-tratos.
Os suspeitos permanecem em prisão temporária, estabelecida quando a investigação ainda está em curso, por pelo menos 30 dias, prorrogáveis por mais 30. Com o fim das investigações, a Justiça pode determinar prisão preventiva, que busca, por exemplo, assegurar a aplicação da lei penal ou evitar que o réu atrapalhe o andamento do processo.
Família
Familiares de José Edson Miclos de Freitas, o morador de rua que morreu depois de ter o corpo queimado em Santa Maria, estiveram na manhã desta terça-feira na 33ª Delegacia de Polícia em busca de mais informações sobre a investigação do crime.
Emerson Miclos, irmão da vítima, disse não saber de qualquer tipo de inimizade ou dívida do irmão que pudessem ter motivado o crime. Segundo ele, José Edson é o único dos quatro irmãos da família que se tornou dependente químico e foi morar na rua.
De acordo com o pai de José Edson, Francisco José Viana, o filho chegou a ser internado em uma clínica para dependentes químicos no Rio de Janeiro, mas voltou a morar nas ruas do DF cerca de um mês antes do crime. “Ninguém esperava que acontecesse algo bom com ele na rua. Mas dessa forma, não. Foi muito cruel”, afirmou Viana.

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