Revolta! Esse é o sentimento que tomou conta de vizinhos e familiares da pequena Ana Clara Morais da Silva de apenas 03 anos, atropelada no último dia 24/12, na porta de sua casa, na QR 103.
Por volta das 18h, equipes da PM, supostamente em perseguição a um veículo roubado, invadiram a quadra residencial com sirene e faróis desligados (segundo informação) e ao entrarem na rua em alta velocidade, a viatura 2405 do GTM – Grupamento Tático Móvel da PM passou por cima da criança sem nenhuma chance de defesa. Incrivelmente a viatura não parou para prestar socorro, evadindo-se do local. A viatura que vinha logo atrás, comandada pelo sargento Nascimento, parou e o policial pegou a criança nos braço e a transportou ao hospital. De acordo com o sargento, a sua atitude foi a de um pai. “Naquele momento só pensei nos meus filhos. Ao ver a criança estirada ao chão não tive outra reação a não ser a de socorrê-la imediatamente. Sou além de pai um oficial da PM e o meu objetivo naquele momento foi salvar a vida daquela inocente”, disse.
A versão apresentada pela PM para justificar o acidente, foi contestada pela comunidade, pois de acordo com populares, não houve qualquer indicio que tivesse havido algum ato criminoso na quadra. “A quadra estava calma e muitas pessoas estavam na rua, inclusive crianças”, informou Ricardo Fontenele – morador da quadra. Ele explicou que a calmaria só acabou quando a viatura entrou na rua “cantando pneus” e em seguida outra parou. “Só entendi o que estava acontecendo quando ouvi os gritos das pessoas e vi a criança estendida no chão. Foi um ato de covardia, pois, não tinha motivos para eles entrarem na quadra daquela forma”, disse.
A criança foi encaminhada ao hospital da cidade, porém apesar de todo o esforço da equipe médica, ela não resistiu e veio a óbito.
Movidos pela emoção, vários moradores começaram a manifestar repúdio à ação policial, quando chegou à tropa de choque da PM e sem motivos aparentes, começou a coibir a manifestação com munição não letal. A revolta foi geral. “Ninguém fez nada para que a PM agisse daquela forma. Estávamos revoltados com a forma que a criança foi atropelada, porém sem agressão a ninguém, tanto que a viatura que atropelou a Ana Clara não estava mais aqui. Daí eles querendo proteger sabe Deus quem, começar a agredir gente de bem. Foi uma atitude covarde”, explicou José Antônio, vizinho da vítima.
Um vídeo gravado através de um celular foi postado em uma rede social e se tornou um dos mais visitados naquele momento. O vídeo mostra o momento que a tropa de choque da PM chegou ao local e disparou contra os manifestantes e saindo logo em seguida. De acordo com as imagem, não há qualquer reação da população contra a PM a não ser a de palavras de ordem, também é possível notar que não há qualquer presença de viaturas policiais ou até mesmo ações que comprometesse a segurança dos policiais, que justificaria a atitude da corporação.
“Após o atropelamento, eles voltaram para a nossa rua e nos trataram iguais a marginais. Gostaria de saber se fosse esse suposto ladrão de carros que tivesse atropelado a Ana Clara, se eles estariam prestando essa segurança toda para ele. Duvido”, disse Ricardo Fontenele, que foi atingido na perna por um dos tiros de borracha disparado pela PM.
Em depoimentos a um site de jornalismo, vários PMs atribuíram a responsabilidade do acidente aos pais em deixar a criança solta na rua e inocentaram os colegas de farda dizendo que ter sido fatalidade. Em um dos depoimentos há o relato que diz: “a PMDF já tem os culpados: a criança de dois anos e seus pais irresponsáveis.”